Mundo

Polícia de Hong Kong lança gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes

A polícia de Hong Kong lançou hoje gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes concentrados no noroeste de Hong Kong, onde no domingo passado várias pessoas foram atacadas por alegadas tríades.

Agentes com equipamento antimotim dispararam granadas de gás contra os manifestantes, na zona de Yuen Long, depois dos apelos da polícia para porem fim à marcha não autorizada.

Dezenas de milhares de manifestantes, de acordo com as imagens difundidas por meios de comunicação locais, concentraram-se para responder ao ataque de domingo passado, em que homens encapuzados, vestidos de branco e munidos com bastões, investiram indiferentemente contra uma multidão, na sua maioria manifestantes que tinham participado num protesto na cidade e se encontravam numa estação ferroviária em Yuen Long, perto da fronteira chinesa. Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas.

A polícia de Hong Kong afirmou já que alegados membros de organizações criminosas chinesas (tríades) foram detidos.

De acordo com o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, os manifestantes continuam também a exigir, tal como em protestos passados, a retirada total de uma proposta, já suspensa, de alteração à lei da extradição.

Apresentadas em fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Apesar de os protestos em Hong Kong terem sido maioritariamente pacíficos, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da região administrativa especial chinesa.

Duas das manifestações, a 12 de junho e a 01 de julho, foram marcados por violentos confrontos, com a polícia a recorrer a balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 01 de julho, os manifestantes invadiram e vandalizaram o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong.

A contestação nas ruas, iniciada contra as emendas à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos.

Pequenas ações e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

Em destaque

Subir