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Polícia da Nicarágua expulsa mães que procuram filhos presos e desaparecidos

A polícia da Nicarágua expulsou hoje de junto de uma das suas esquadras dezenas de mães que procuram os filhos, presos ou desaparecidos, durante manifestações contra o presidente Daniel Ortega, que provocaram cerca de 300 mortos em três meses.

Pelo menos 30 mães foram expulsas por centenas de agentes em frente do complexo policial conhecido como “El Chipote” que inclui um centro de detenção no qual se usa a tortura, segundo organismos humanitários.

“Polícias e brigadas de choque começaram a deslocar-se para o Chipote em patrulhas e as mães e familiares começaram a afastar-se a pé, para evitar que lhes fizessem mal”, disse a líder da oposição Ana Margarita Vigil, citada pela Agência Efe.

As mulheres foram inicialmente apoiadas por populares que as levaram para um lugar seguro, mas a polícia de seguida impediu que fossem ajudadas, disse a fonte.

Por fim, acrescentou, as últimas mães que se mantinham no local foram cercadas pela polícia e tiveram de deixar o local.

“O cúmulo da crueldade, a polícia está a expulsar as mães que imploram pelos familiares em ´El Chipote´”, assinalou o ex-comandante da revolução nicaraguense , ex-ministro da Economia e dissidente sandinista Luís Carrión nas redes sociais.

As mães e outros familiares estão agora refugiadas na catedral metropolitana de Manágua, no centro da cidade, a pouca distância de “El Chipote”.

Pela quase nula informação sobre os detidos uma média de 25 a 50 mães permanece diariamente em frente a “El Chipote” para saber dos filhos. São apoiadas por pessoas que acorrem ao local como ativistas dos direitos humanos mas também médicos e anónimos que lhes dão alimentos e mesmo colchões.

A Comissão Ibero-americana dos Direitos Humanos e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos responsabilizaram o governo de Daniel Ortega por graves violações dos direitos humanos.

A Nicarágua está submergida na mais sangrenta crise sociopolítica desde a década de 90. Os protestos contra Ortega e a sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram em 18 de abril na sequência de umas reformas falhadas da segurança social e converteram-se na exigência da renúncia do presidente, depois de 11 anos de poder e acusado de abuso e corrupção.

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