Mundo

Polémica: A morte de Osama Bin Laden foi “escrita por Lewis Carroll”

Bin Laden

E se não foi um militar dos EUA a matar Bin Laden? O jornalista Seymour Hersh garante que a operação que levou à morte do ex-líder da Al-Qaeda foi inventada: “A história contada pela Casa Branca poderia ter sido escrita por Lewis Carroll”. A Presidência nega e aponta “imprecisões” à nova teoria.

Osama Bin Laden, em tempos o homem mais procurado do mundo, morreu (alegadamente) em maio de 2011, durante um ataque militar dos EUA conduzido por drone no Paquistão, num local próximo da fronteira com o Afeganistão. Mas… E se esta versão foi inventada?

Quem o questiona é Seymour Hersh, um jornalista galardoado com um prémio Pulitzer, em 1970. Este repórter norte-americano garante que a Casa Branca inventou a morte de Bin Laden para ocultar o assassinato do antigo líder da Al-Qaeda e principal responsável pelo 11 de Setembro.

“A história contada pela Casa Branca poderia ter sido escrita por Lewis Carroll”, escreveu Hersh, num artigo publicado no London Review of Books.

A teoria de que Bin Laden morreu após um ataque feito com um drone é uma ficção digna do autor de ‘Alice no País das Maravilhas’ porque, segundo o jornalista, foram os militares do Paquistão a assassinar a sangue-frio o procurado terrorista.

De acordo com a versão de Seymour Hersh, Bin Laden terá sido capturado pelos serviços secretos do Paquistão em 2006, ficando detido cinco anos, enquanto as hierarquias dos dois países debatiam como o executar.

A operação dos militares paquistaneses terá decorrido com o apoio técnico dos serviços de inteligência dos EUA (a famosa CIA) e financeiro da Arábia Saudida. O então líder da Al-Qaeda terá sido capturado num complexo na cidade de Abbottabad.

Em 2011, EUA e Paquistão terão acordado executar Bin Laden numa altura em que tropas norte-americanas estivessem no Afeganistão, de forma a que as análises periciais confirmassem que as balas seriam mesmo dos EUA e que o DNA das amostras recolhidas fosse mesmo do terrorista.

Desta forma, o Paquistão nunca estaria relacionado com a captura ou morte de Bin Laden. Porém, iria receber uma contrapartida financeira como ‘prémio’ pelo desempenho dos serviços secretos.

O problema é que, dias antes da data acordada (segundo a versão de Seymour Hersh, recorde-se), os talibãs terão atingido um helicóptero militar dos EUA junto à fronteira. Com medo que as investigações a esse incidente chegassem ao conhecimento do público, o Presidente Barack Obama terá recusado cumprir a parte de ‘empurrar’ o ataque com drone para o Afeganistão.

Esta última parte da teoria obrigou o Governo norte-americano a reagir, com a Casa Branca a afirmar que “a ideia de que a operação que matou Osama Bin Laden não foi uma missão unilateral dos Estados Unidos é falsa”.

A versão do jornalista, segundo Washington, está repleta de “imprecisões e afirmações sem fundamentos”.

Vários outros jornalistas têm também arrasado a credibilidade do vencedor do Pulitzer de 1970 (quando revelou o massacre de civis vietnamitas por soldados norte-americanos), apontando sobretudo a fragilidade das fontes consultadas: alegadamente, nenhuma das fontes esteve diretamente envolvida nas operações.

Mas também há quem lembre que Seymour Hersh sempre duvidou da ‘versão oficial’ sobre os muitos incidentes da presença militar dos EUA no Afeganistão e no Paquistão.

“Quando Seymour Hersh ‘fabrica’ teorias contra Obama, ele deixa de ser um sábio para virar um excêntrico. Quando era contra Bush, ele era Deus para os media”, ironizou John Nolte.

Em destaque

Subir