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PM timorense admite eleições antecipadas se membros do Governo não tomarem posse

O primeiro-ministro timorense disse hoje estar preparado para o cenário de eleições antecipadas se o Presidente da República continuar a recusar-se a dar posse a nove membros do Governo, indigitados há mais de um ano.

Taur Matan Ruak, que falava aos jornalistas no Palácio Presidencial em Díli, disse que essa foi uma das questões que transmitiu hoje ao chefe de Estado, durante a reunião semanal com Francisco Guterres Lu-Olo.

 “Falei hoje com o Presidente da República, relativamente à questão de não dar posse aos membros pendentes do Governo e, se isso não acontecer, então parece que teremos eleições antecipadas de novo”, afirmou.

“Se toda a gente quiser eleição antecipada, eu não tenho problema e tenho muito apoio. Vai correr bem. Se calhar é melhor irmos mesmo para eleições antecipadas”, disse.

Foi a primeira vez que Taur Matan Ruak – cujo Governo surgiu de legislativas antecipadas em 2018 – sugeriu novas eleições para resolver o impasse sobre a tomada de posse de vários membros do executivo da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).

Mais de um ano depois da tomada de posse do VIII Governo, Francisco Guterres Lu-Olo continua a recusar dar posse a nove membros do executivo indigitados pelo primeiro-ministro, com o argumento de terem processos na Justiça ou um “perfil ético controverso”.

Até ao momento nenhum dos indigitados foi formalmente acusado de qualquer crime.

De um grupo inicialmente de 12 a quem não foi dada a posse, a AMP acabou por apresentar três novos nomes que foram aceites e nomeados pelo Presidente, mas posteriormente pediu o adiamento ‘sine die’ da respetiva posse, “em solidariedade” com os que foram recusados.

A maior parte desses elementos que não tomou posse são dirigentes do CNRT que já tinham estado no Governo, o que deixa o partido praticamente sem representação no Conselho de Ministros e o Executivo sem grande parte da experiência governativa.

O processo em torno das nomeações provocou uma forte tensão entre Governo, Presidência e parlamento, e levou até a que o próprio líder da AMP, Xanana Gusmão – que foi indigitado e nomeado como ‘número dois’ do Governo – decidisse não integrar o Executivo.

Desde então o assunto tem sido alvo de inúmeras conversas entre Taur Matan Ruak e Francisco Guterres Lu-Olo, com a AMP a recusar apresentar nomes alternativos.

Em resposta à posição do chefe de Estado, a maioria do Governo no parlamento votou sucessivamente para impedir o Presidente da República de se ausentar do país em viagens oficiais, incluindo a Portugal, Cabo Verde, Estados Unidos e Japão.

 

ASP // JMC

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