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PM de Cabo Verde diz na ONU que falta tempo e é hora de ir “além das intenções”

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje, na Assembleia Geral da ONU, que os políticos já não têm “todo o tempo do mundo” sendo hora de ir “além das intenções” no combate às alterações climáticas e à pobreza.

Ao discursar no quarto dia da 74.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ulisses Correia e Silva recordou a resiliência do povo cabo-verdiano, desde logo num período de seca prolongada como o que o país vive – e de forma cíclica – há mais de dois anos.

“O tempo urge relativamente a ações concretas para inverter o sentido e a profundidade das mudanças climáticas. O tempo urge para a implementação de respostas eficazes à problemática da pobreza e suas consequências. O tempo urge para a assunção de compromissos para com a paz. Esta geração de políticos não tem todo o tempo do mundo à sua frente e tem contas a prestar à humanidade”, afirmou.

Para o primeiro-ministro de Cabo Verde, os líderes políticos precisam de apresentar resultados concretos, face aos desafios globais do presente: “É hora de irmos além das intenções. É hora de agirmos através de ações concretas, mensuráveis e comprometidas com as ambições dos povos e as necessidades globais. É a hora de fazer o mundo melhor”.

Perante a Assembleia Geral da ONU, o chefe do Governo cabo-verdiano disse que o país está a implementar uma estratégia de água e de transição energética para reduzir a dependência da água das chuvas e dos combustíveis fósseis e melhorar as condições económicas de acesso à água e à energia por parte das populações.

Como exemplo, recordou a introdução do primeiro dessalinizador de água do mar há 50 anos e que hoje 70 por cento da população de Cabo Verde já utiliza água dessalinizada para o seu consumo.

“Nos próximos anos, com os investimentos em curso, atingiremos 90 por cento”, disse.

Explicou ainda que a estratégia de transição energética em curso em Cabo Verde prevê reduzir a dependência de combustíveis fósseis: “Partindo dos atuais 20 por cento, a nossa meta é atingir 30 por cento de produção de energia elétrica a partir de fontes de energia renováveis até 2025; superar os 50 por cento até 2030 e atingir 100 por cento renovável, até 2040”.

Recordou igualmente que Cabo Verde foi o primeiro país africano a aderir à Aliança para a Descarbonização dos Transportes (TDA), prevendo substituir até 2050 todos os veículos equipados com motores térmicos para veículos elétricos.

“É o nosso modesto contributo para a redução das emissões de Gases com Efeito de Estufa nos Transportes”, enfatizou.

Aproveitando o palco das Nações Unidas, Ulisses Correia e Silva recordou que Cabo Verde ascendeu de país muito pobre para país de rendimento médio, mas que a atual geração aspira “legitimamente” ao desenvolvimento. Contudo, o país enfrenta os desafios do grupo de Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla inglesa), graduados a Rendimento Médio, apelando à revisão dos meios de financiamento a estes países.

“O objetivo não é sair da estação de País Menos Avançado para ficar na estação de País de Rendimento Médio em condições de financiamento e de cooperação mais penalizantes. O objetivo é atingir o Desenvolvimento e renda alta. É necessário, por isso, que o processo de transição tenha como meta o desenvolvimento e que os mecanismos e as condições de financiamento sejam coerentes e consistentes para lá chegar”, alertou.

Ulisses Correia e Silva apontou ainda que a localização que no passado colocava o arquipélago “distante do resto do mundo” agora é “é um recurso importante para posicionar” Cabo Verde no Atlântico Médio, como “plataforma de economia de circulação entre a África, a Europa, os EUA e o Brasil”.

“Não inventamos um novo país. Habituamo-nos a viver com ele, a ultrapassar as dificuldades e a assumir um compromisso patriótico com o desenvolvimento, na convicção de que ninguém fará por nós aquilo que não formos capazes de fazer para provocar as transformações estruturais que o país precisa para se desenvolver”, apontou, assumindo que “a base mais segura para essas transformações” tem sido “a estabilidade política, a boa governança e a confiança alicerçada no primado da lei e na integridade das instituições”.

“Estes são os maiores ativos que em Cabo Verde fazemos questão de preservar, cuidar, valorizar e melhorar”, concluiu.

Lusa

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Lusa
Etiquetas: ÁfricaCabo Verde

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