Sabia que o efeito placebo também ocorre quando sabe que toma um placebo?

Quando tomamos um placebo, a pensar que é um medicamento, sentimo-nos melhor. Mas sabia que o efeito é o mesmo quando sabemos que estamos a tomar o placebo?

Se o efeito placebo já de si é controverso (a medicina é consensual de que existe, mas ainda não há um acordo sobre como decorre o processo), um estudo agora desenvolvido pela equipa de Ted Kaptchuk, investigador da Harvard Medical School e do Beth Israel Deaconess Medical Centre, veio reacender a polémica.

A definição de placebo engloba o medicamento com substância inerte (como uma pílula de açúcar) que provoca um efeito terapêutico devido à crença, por parte do doente, de que está a ser medicado. Só que este novo trabalho demonstrou que o resultado é o mesmo quando o doente sabe que tomou um placebo.

O estudo demonstrou uma eficácia na redução da dor em 30 por cento, quando o placebo é administrado (e o doente sabe-o) em conjunto com a medicação, que contrasta com a redução de 16 por cento verificada quando não foi administrado o placebo.

“Estes resultados vieram demonstrar que o efeito placebo não depende necessariamente do paciente acreditar que está a ser medicado com uma substância ativa, como se tem pensado até aqui”, salientou Ted Kaptchuk: “Tomar um comprimido indicado pelo médico, mesmo sabendo que é um placebo, tornou-se num ritual que transforma os sintomas e provavelmente ativa regiões do cérebro que modulam os sintomas”.

Neste estudo participaram 97 pessoas com dor crónica na região lombar, a principal causa de deficiência a nível mundial, divididos por dois grupos.

O grupo que sabia estar a tomar um placebo (duas pílulas por dia) em conjunto com os analgésicos reportou, ao fim de três semanas, níveis de dor bastante inferiores aos do grupo que só tomou os analgésicos.

“Isto significa que o efeito placebo pode ser alcançado mesmo sem iludir o paciente”, como explicou uma portuguesa envolvida no estudo, Cláudia Carvalho (do Instituto Superior de Psicologia Aplicada): “Os pacientes ficaram mais interessados no que poderia acontecer e apreciaram esta nova abordagem ao tratamento da dor, pois sentiram-se mais empoderados”.

“Nunca vamos conseguir reduzir um tumor ou desbloquear uma artéria com um placebo”, admitiu Ted Kaptchuk, “mas é algo que faz as pessoas sentirem-se melhor, mesmo que não cure nada”.

“Há um benefício de estar imerso num tratamento. O corpo responde à interação com um médico ou enfermeiro, à toma de medicação e a todos os rituais e simbologia dos sistemas de saúde”, concluiu.

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