Pode uma democracia sobreviver sem jornalismo? Francisco Pinto Balsemão, o presidente da Impresa, considera que não e alerta para a existência de uma “sanha persecutória” com o objetivo de enfraquecer os órgãos de comunicação social.
Há uma guerra em curso entre “o jornalismo de qualidade” e os “novos tempos de inovação tecnológica”, com uma consequência dramática para todos: “Um rude golpe na democracia”.
O alerta de Francisco Pinto Balsemão, antigo primeiro-ministro, político, empresário e jornalista (preside ao grupo Impresa, que inclui a SIC, o Expresso e outros títulos), surgiu ao ser distinguido ‘Personalidade do Ano’ pelo jornal O Mirante.
No discurso, que enviou para várias redações, Pinto Balsemão condenou a “sanha persecutória” que diz estar em curso sobre os meios de comunicação social, “tão persecutória que é legítimo interrogarmo-nos sobre se o verdadeiro e último objectivo não é impedir, inviabilizar a existência de jornalismo de qualidade, profissional e independente do poder político”.
“Uma sanha persecutória” que aproveita os “novos tempos de inovação tecnológica” para enfraquecer as “empresas ditas clássicas ou tradicionais de comunicação social”.
A “informação propriamente dita”, produzida por jornalistas com carteira profissional, sujeitos a códigos éticos e a sanções, circula a par do “grande ruído e confusão” que alimenta sites, blogues e redes sociais.
Nesta guerra, os órgãos de comunicação social têm ficado progressivamente “enfraquecidos” pelas quebras do investimento publicitário e “pelo puritanismo popularucho de se considerar a publicidade como a mãe de todos os males e a culpada de todos os excessos”.
“Para sobreviver e se revigorar, a democracia necessita de meios de comunicação social fortes e livres, com redações profissionalizadas”, alertou o antigo primeiro-ministro, alertando para a iminente “perda da liberdade de imprensa”.
“É um rude golpe na democracia, já de si tão debilitada como o revelam o aparecimento de grupos extremistas de direita ou de esquerda, a xenofobia, o terrorismo, e outros fenómenos ameaçadores da liberdade e da paz”, reforçou Balsemão.
O presidente daquele que é um dos maiores grupos de comunicação social nacionais apontou ainda o dedo aos agregadores de conteúdos por utilizarem conteúdos feitos pela imprensa sem os pagar, tendo citado o Correio da Manhã para lembrar que o Google faturou 100 milhões de euros sem criar emprego ou pagar impostos em Portugal.