As empresas de refinação de petróleo querem apoios para poderem participar na transição energética, defendendo um quadro de políticas a nível europeu que não deixe de fora a descarbonização dos combustíveis líquidos.
Num encontro com jornalistas, em Lisboa, em vésperas de eleições europeias, a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) defendeu hoje que “os membros do Parlamento Europeu, do Conselho da União Europeia e da Comissão Europeia terão a oportunidade única, durante os próximos cinco anos, de definir políticas para uma sociedade europeia verdadeiramente sustentável, socialmente justa e economicamente competitiva”.
“A indústria de refinação da UE está empenhada em contribuir para estes objetivos”, afirmou o secretário-geral da Apetro, António Comprido, referindo que “a descarbonização tem que ser progressiva, sustentável, eficaz e acessível”.
Neste sentido, “o pacote de financiamento sustentável deve ser inclusivo e não discriminatório”, disse, apelando para que “os fundos europeus de apoio ao desenvolvimento da economia descarbonizada não excluam as refinarias europeias” para “não haver concorrência injusta entre as várias fontes de energia”.
“Não podemos matar à partida uma tecnologia por falta de apoio”, sublinhou, dando o exemplo dos e-combustíveis, que, se lhes forem dadas “as mesmas condições de apoio”, “podem vir a ser desenvolvidos em larga escala”.
António Comprido adiantou que já existem “experiências piloto neste momento”, referindo que atualmente o preço destes produtos ronda três vezes o dos combustíveis convencionais, mas “é um esforço que tem que ser feito a nível europeu”.
Até porque esta solução tem duas “vantagens enormes” que é a “utilização do parque automóvel existente e da infraestrutura de abastecimento existente”, enquanto outras tecnologias “exigem todo o investimento no seu desenvolvimento, acrescida do parque automóvel e infraestrutura”.
O porta-voz das petrolíferas destacou que se ouvem certos discursos, em que “parece que a eletrificação dos transportes vai responder a todos os problemas”, contrapondo que “há setores em que a eletrificação vai ter uma penetração muito significativa – nomeadamente no transporte urbano –, mas há outros em que a eletricidade está longe de ser uma solução, como o transporte aéreo, marítimo e rodoviário pesado e de longa distância.
“Nestes casos, os combustíveis líquidos à base de petróleo têm uma intensidade energética que faz com que sejam difíceis de substituir”, argumentou.
Neste momento, acrescentou, “os veículos elétricos estão a sair da fábrica abaixo do preço de custo”, aludindo às metas que a indústria automóvel tem que cumprir no âmbito de benefícios concedidos.
Em declarações aos jornalistas, António Comprido concluiu que “há toda uma série de tecnologias no ‘pipeline’ que se forem devidamente acarinhadas podem avançar”.
“Se não podem morrer”, concluiu.
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