A estatal brasileira Petrobras disse hoje que análises feitas pela empresa ao petróleo derramado no litoral do nordeste do país concluíram que se trata de uma mistura extraída de três campos na Venezuela.
O diretor de Assuntos Corporativos da Petrobras, Eberaldo Neto, declarou hoje em conferência de imprensa que a estatal analisou cerca de 30 amostras do petróleo recolhidas das praias nordestinas brasileiras.
“Fizemos análise em mais de 30 amostras e concluímos que é de três campos venezuelanos, um ‘blend’ [mistura] do petróleo de lá”, afirmou Eberaldo Neto à imprensa, num encontro que tinha como intuito detalhar os resultados da companhia no terceiro trimestre.
“A origem do derrame é outra coisa, entendemos que foi na costa brasileira”, acrescentou o diretor de Assuntos Corporativos, frisando que as investigações apontam como provável origem um navio.
O gestor disse ainda que a Petrobras acompanha desde setembro, ocasião em se começaram a avistar as primeiras manchas de petróleo na costa brasileira, as ações de recolha da substância.
O petróleo entrou “numa corrente marítima que vem da África” e que no estado de Pernambuco “se bifurca”, situação que levou o petróleo tanto para a costa norte com para a sul de todo o litoral nordeste, esclareceu.
“Provavelmente foi um navio que por ali passou e as autoridades estão a investigar”, disse Neto, que também apontou, como igualmente já tinham dito membros do Governo e da Marinha, que o petróleo se move para uma profundidade que não é possível ser detetada por satélites, radares ou através de navios ou aeronaves.
“É praticamente impossível conter esse petróleo com barreiras e outros instrumentos, e o mecanismo de captura da substância apenas ocorre quando a maré e a corrente a atiram para a praia”, explicou.
Na quarta-feira, por decisão do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o Brasil pediu formalmente à Organização dos Estados Americanos que a Venezuela se manifeste acerca do derrame, segundo anunciou o ministro da Meio Ambiente, Ricardo Salles, numa mensagem por rádio e televisão.
Em 10 de outubro, a petrolífera estatal venezuelana PDVSA negou ser responsável pelas manchas de petróleo que já poluíram mais de 130 praias no nordeste do Brasil, em resposta às acusações de Ricardo Salles.
O último balanço do Ibama, órgão regulador do meio ambiente do Governo brasileiro, indica que os resíduos de petróleo já atingiram 201 localidades em 74 municípios dos nove estados do nordeste do Brasil.
No total, 525 toneladas de petróleo foram recolhidas.
Segundo o comandante de Operações Navais da Marinha, almirante Leonardo Puntel, que visitou o estado de Pernambuco no domingo, o derramamento de petróleo teve origem “no Oceano Atlântico, entre 500 a 600 quilómetros” da costa brasileira.
As manchas de petróleo no mar e nas praias brasileiras já mataram tartarugas marinhas, pássaros, golfinhos e crustáceos.
Segundo especialistas, o petróleo nas águas do Atlântico da costa brasileira ameaça espécies animais, algumas delas em risco de extinção como o peixe-boi, e pode contaminar a cadeia alimentar.