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Pescadores de Portugal e Espanha exigem “ampla revisão” da quota de captura do carapau

As associações ibéricas ligadas à pesca exigem uma “ampla revisão” da quota de captura de carapau, salientando a “importância” deste ‘stock’ para os setores da pesca de Portugal e de Espanha, particularmente para a pesca de cerco.

Em comunicado conjunto, várias associações representativas de profissionais portugueses e espanhóis, que estiveram reunidas, na quinta-feira, em Matosinhos, no distrito do Porto, no quarto Encontro Ibérico sobre o setor da sardinha, exigem que a quota de pesca de carapau prevista para 2020 seja revista.

“As organizações signatárias, por unanimidade, entenderam não validar a proposta de TAC [totais admissíveis de capturas] de 46.659 toneladas e exigir a sua ampla revisão porque está em total contradição com a proposta do parecer do ICES [International Council for the Exploration of the Sea, em português Conselho Internacional para a Exploração do Mar] que afirma que as capturas de carapau na zona IX [águas continentais portuguesas] não devem ultrapassar as 116.871 toneladas”, refere o comunicado.

Na mesma nota, as associações salientam “a importância que este ‘stock’ tem para os setores da pesca de Portugal e de Espanha, e particularmente para os respetivos setores da pesca de cerco” e lamentam que “o Plano de Gestão aprovado pelo Conselho Consultivo para as Unidades Populacionais Pelágicas não tenha sido consensualizado com o Conselho Consultivo das Águas Ocidental Sul”.

Em 24 de outubro, a Comissão Europeia apresentou uma proposta que indicava que a pesca do carapau em águas continentais portuguesas deve ser reduzida para metade em 2020.

Bruxelas propôs um corte de 50 por cento nos TAC na zona IX para as 46.659 mil toneladas, seguindo a recomendação dos peritos em espécies pelágicas (que vivem em cardumes).

Na quinta-feira, no Encontro Ibérico promovido pela Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP – Cerco) que juntou dezenas de profissionais de Portugal e Espanha, também foram discutidas as quotas relativas ao biqueirão.

“As organizações signatárias, por unanimidade, entenderam apresentar a sua profunda indignação pelo facto destes estudos e do parecer do ICES terem declaradamente omitido os dados científicos recolhidos pela campanha científica IBERAS/JUVESAR, promovida conjuntamente pelo IEO [Centro Oceanográfico de Vigo] e pelo IPMA [Instituto Português do Mar e da Atmosfera] entre 31 de outubro e 19 de novembro de 2018, e que identificou uma biomassa total de biqueirão de 181.577 ao longo de toda a costa ocidental da Península Ibérica”, lê-se em comunicado.

Assim, os pescadores e armadores ibéricos consideram que “a omissão e exclusão” da “enorme quantidade de biomassa de biqueirão” provocou a definição de um TAC, válido até 30 de junho de 2020, “totalmente desajustado da realidade”.

“A realidade está a demonstrar uma forte disponibilidade do recurso, quer na sua componente ocidental, quer na sua componente sul (Algarve e Cadiz), pelo que se entendeu exigir, com o máximo de urgência, o desencadeamento de todos os mecanismos possíveis que permitam a revisão dos estudos efetuados e o consequente ajustamento do TAC fixado até 30 de junho de 2020”, termina a nota.

Estas resoluções surgiram numa reunião, na qual foi exigido que a quota de captura de sardinha suba para 30 mil toneladas em 2020.

“O setor não está mais disposto a ser tratado como foi tratado nos últimos três anos. Não está disposto a reduzir mais as capturas. Queremos possibilidades de pesca de acordo com a abundância do recurso. Merecemos isso porque é uma forma de compensar os sacrifícios e esforços que os pescadores e armadores tiveram nos últimos anos, esforços e sacrifícios que estão a ter repercussões positivas no crescimento do recurso”, disse, no final do encontro, Humberto Jorge da ANOP – Cerco.

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