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Pelo menos seis mortos em confrontos entre polícias e manifestantes no Iraque

Seis pessoas morreram nas últimas 24 horas durante confrontos entre polícias e manifestantes que exigem a queda do regime iraquiano, em Bagdad e no sul do Iraque, tomado pelos protestos que bloqueiam estradas e administrações.

Entre a rua Rasheed e a ponte al-Ahrar, que tem sido o foco da violência desde há uma semana, dois manifestantes foram atingidos por balas e outros 35 ficaram feridos, segundo médicos e polícias.

Os manifestantes ocupam três pontes principais no centro de Bagdad – Jumhuriya, Ahrar e Sinar – num impasse com as forças de segurança.

Na terça-feira, três manifestantes morreram na cidade sagrada de Querbala, após serem atingidos por balas disparadas pela polícia, e um outro morreu devido a ferimentos provocados por gás lacrimogéneo.

Hoje, por prevenção, as autoridades religiosas daquela cidade sagrada xiita decretaram dois dias de encerramento das escolas do sul.

As últimas 24 horas marcaram um ponto de viragem em Querbala e noutras cidades, que haviam sido poupadas pela violência, foram agora vencidas pelos confrontos.

As estradas entre Bagdad e Querbala foram igualmente bloqueadas pelos manifestantes, que nos últimos dias queimaram pneus e cortaram também o acesso às principais estradas em várias províncias do sul.

Três explosões quase consecutivas que ocorreram na terça-feira em diferentes locais da capital do Iraque causaram pelo menos seis mortos e 16 feridos, anunciou a polícia de Bagdad.

Desde 01 de outubro que dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas, indignados com o que acusam de corrupção generalizada, com a falta de oportunidades de emprego e com os serviços básicos pobres, apesar da riqueza em petróleo do país.

Segundo fontes médicas e de segurança, os protestos já provocaram mais de 350 mortos e 15.000 feridos, na sua maioria manifestantes.

O primeiro movimento social espontâneo em décadas no Iraque continua a ganhar força, com as escolas do sul e todas as universidades da capital, Bagdad, a permanecerem fechadas há semanas.

Em administrações públicas que não encerraram são colocados cartazes em que se pode ler: “Fechadas por ordem do povo”.

O movimento de contestação exige uma reforma do sistema político e a renovação completa do Governo que, em 16 anos, desviou 410 mil milhões de euros, um valor equivalente a duas vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Iraque, segundo dados oficiais.

Em Al-Hillah, cerca de 100 quilómetros a sul da capital iraquiana, a desobediência civil pacífica tornou-se violenta, com 100 feridos identificados pelos médicos nos últimos dois dias, todos afetados pelo gás lacrimogéneo lançado pelas forças de segurança.

Nas cidades de Najaf, Kut e Diwaniya, escolas e administrações também permanecem fechadas, mesmo após a retirada das forças de segurança e nenhuma violência foi registada até agora, segundo a agência France-Presse (AFP).

Na cidade de Bassorá, os manifestantes cortaram as principais estradas de acesso aos portos do Golfo Pérsico em Umm Qasr e Khor Al Zubair, reduzindo a atividade comercial em 50 por cento, segundo as autoridades portuárias.

As estradas de acesso aos campos petrolíferos de Qurna Ocidental e Rumaila foram também bloqueadas pelas manifestações, mas um alto funcionário do Ministério do Petróleo do Iraque disse que a produção de petróleo não foi afetada.

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