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Pelo menos 48 mortos em confrontos entre grupos armados na RCA

Pelo menos 48 pessoas morreram nos combates entre grupos armados na semana passada, em Alindao, centro da República Centro-Africana (RCA), segundo um relatório interno da Organização das Nações Unidas (ONU) citado pela France-Presse.

Um balanço anterior dava conta de pelo menos 37 mortos, incluindo dois padres, resultantes de combates, na quinta-feira, entre milícias anti-Balaka, autoproclamadas de autodefesa, e do grupo armado União para a Paz na República Centro-Africana (UPC, na sigla em francês).

Em comunicado, o UPC acusou “bandidos muçulmanos e cristãos” de estarem na origem da violência e referiu ter enviado uma das suas unidades “para que os roubos e as execuções cessassem”.

No sábado, o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, responsabilizou a UPC pelo ataque ao campo de deslocados.

Segundo a agência de notícias France-Presse, a igreja de Alindao, o convento e o campo de deslocados na região foram incendiados.

Além dos dois padres, não foi possível confirmar hoje se as pessoas mortas eram civis ou combatentes.

Cerca de 20 mil pessoas foram deslocadas, de acordo com a ONU.

A França sublinhou hoje a “urgência” de a União Africana prosseguir com o processo de paz na República Centro-Africana (RCA), após nova vaga de violência, e saudou a entrega ao Tribunal Penal Internacional de um antigo chefe das milícias.

“Os atos de violência registados relevam a urgência de haver progressos na iniciativa africana de paz pela União Africana, e que a França apoia plenamente, tendo em vista atingir o desarmamento efetivo e a desmobilização de grupos armados”, sublinhou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

“É um imperativo que todos os grupos armados em Bangui e no resto do país cessem todas as formas de violência e atividades desestabilizadoras, depondo as armas e empenhando-se sem atrasos e sem condições no processo de paz”, defendeu Agnès von der Mühll.

Alindao tem sido a principal base do UPC, um grupo armado liderado por Ali Darassa, um dos principais grupos da antiga coligação Séléka que derrubou o regime de François Bozizé em 2013.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), com 160 militares, e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), em que estão presentes 45 militares portugueses.

A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

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