“Pedro Nuno Santos cometeu harakiri político em direto na televisão”
A hipótese do PS chumbar a proposta de Orçamento de Estado (OE) para 2025 será o instante final do “harakiri político” de Pedro Nuno Santos, na avaliação de Manuela Ferreira Leite.
Para a ex-ministra das Finanças e antiga presidente do PSD, o líder socialista demonstrou não ser confiável quando exigiu que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, voltasse atrás num acordo que assinara dias antes.
“Há certas coisas que não se podem pedir. Depois do primeiro-ministro ter assinado um acordo de concertação social, com um certo tipo de elementos, não se lhe pode pedir que viole esse acordo que fez. [Pedro Nuno Santos] não lhe pode exigir que viole o que acordo que tinha assinado dois ou três dias antes”, sustenta.
Foi um claro “erro político” de Pedro Nuno Santos que, no entender de Manuela Ferreira Leite, poderá ter reflexos no futuro. E se o líder do PS for primeiro-ministro e, para viabilizar o OE, o PSD lhe exigir que ‘rasgue’ um acordo de concertação social?
“Foi um erro político, não só do partido, como em termos pessoais. Há certas propostas que definem a maneira de ser de alguém. Admite-se que ele, se um dia assinar um acordo, pensa tanto cumpri-lo como se não o tivesse assinado”, reforça Manuela Ferreira Leite, em declarações no podcast ‘Consulta Pública’ da Antena 1.
Ferreira Leite e a estratégia “inimaginável” de Pedro Nuno Santos
Para a ex-ministra das Finanças, o recente silêncio de Pedro Nuno Santos pode ser interpretado como uma pausa para reavaliar a “estratégia que começou mal”.
Afinal, quando abriu as negociações com o PSD para o OE2025, o líder socialista colocou “uma condição” que ele próprio sabia que jamais seria aceite. Pedro Nuno Santos “sabia que ir contra o IRC era ir contra a nova estratégia de um novo Governo, com uma nova orientação política”, aponta.
“Do ponto de vista político, foi quase um harakiri político em direto na televisão. Quis mostrar aos portugueses que, com ele, nem pensem que as empresas terão qualquer tipo de atenção. Para um futuro primeiro-ministro é algo inimaginável para um setor muito grande e importante. E não só a nível nacional, somos membros da Europa e a União Europeia está exatamente com o objetivo contrário, com a competitividade acima de tudo”, conclui Manuela Ferreira Leite.