O PCP/Porto acusa o ainda presidente da Câmara, Rui Rio, de ordenar o “despejo coercivo” da Seiva Trupe. A companhia de teatro foi expulsa do Teatro do Campo Alegre “à boa maneira pidesca”, insistem os comunistas, referindo ser “uma vingança em final de mandato”.
A ‘vendeta’ de Rui Rio contra a cultura no Porto teve, no entender do PCP, “uma vingança em final de mandato” com o despejo “coercivo” da Silva Trupe, a companhia que há 13 anos reside no Teatro Carlos Alberto (TCA). “À boa maneira pidesca”, acusaram os comunistas num comunicado ontem emitido, “Rui Rio assume-se juiz em causa própria e ordenou que, durante a noite, a Polícia Municipal fosse fazer o despejo coercivo, levando inclusive materiais e cenário da instituição, pondo mesmo em causa a estreia da peça agendada para o final deste mês”.
Na nota, emitida pela Direção da Organização Regional do Porto do PCP, fica a garantia de que os eleitos comunistas querem reunir de urgência com os responsáveis da Seiva Trupe para saber como realizar “uma firme e imediata intervenção junto da Câmara Municipal do Porto condenando esta atitude e exigindo explicações”.
A Câmara já confirmou o despejo, num esclarecimento enviado à agência Lusa, e justifica-o com o incumprimento no pagamento de uma dívida, como previa o contrato de cedência das instalações: “entendeu a Câmara, enquanto proprietária do TCA, que esta desocupação coerciva se impõe e que cumpre, inclusive, com elementares princípios de justiça social. Se até um morador de um bairro social é obrigado a abandonar a casa municipal se não pagar a respetiva renda, que dizer de uma situação como esta”?
A Seiva Trupe, companhia residente desde 2 de fevereiro de 2000, dia em que assinou contrato com a Fundação Ciência e Desenvolvimento (FCD), deveria ficar na TCA até ao final do próximo ano. Contudo, por volta da 1h00 de ontem, a Polícia Municipal mudou os canhões das fechaduras, impedindo o acesso aos escritórios.
Em causa está uma dívida acumulada que, em março de 2011, superava os 121 mil euros, aos quais se somariam os juros: mais 44 mil euros. A estes números apresentados pela Câmara respondeu a Seiva Trupe, a 15 de novembro, com uma adenda ao contrato em que reconhecia “uma dívida de 50 mil euros, comprometendo-se a pagá-la em 36 prestações mensais, tendo a FCD abdicado do diferencial, ou seja, de 115.646 euros”.
“Não tendo efetuado os pagamentos de agosto e setembro deste ano”, refere a Câmara, a Seiva Trupe “foi devidamente interpelada por parte da FCD, com vista ao pagamento, tendo sido dado prazo de pagamento até 18 de setembro”. No dia 25, o pagamento ainda não fora feito, salienta a autarquia no esclarecimento enviado à Lusa.
A FCD formalizou junto da Seiva Trupe, a 25 de setembro, a resolução do contrato e respetivas consequências com efeitos (ordem de saída e vencimento imediato de todas as prestações) até à última terça-feira.
Júlio Cardoso, dirigente da Seiva Trupe, adiou para hoje uma reação ao caso.