O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, terá escolhido bem as palavras, num discurso de apresentação da Plataforma para o Crescimento Sustentável. E, nesse sentido, subentendem-se recados ao Presidente da República. “Mais importante que mostrar que tem um Governo coeso, é mostrar que temos um país capaz” e “todos os decisores devem empenhar-se nessa tarefa”, disse o chefe do Governo.
Passos Coelho, que participava na cerimónia de apresentação da Plataforma para o Crescimento Sustentável, abordou a situação política nacional e o cenário internacional, com destaque para a crise da Grécia e eventual propagação a outros países da Zona Euro.
Manifestou-se otimista e pareceu derivar a “coesão nacional” que Cavaco Silva pedira, para um “Governo coeso”, num país em que “todos os decisores devem empenhar-se” na tarefa de “resgatar” Portugal.
O primeiro-ministro fez referência a uma coesão que nunca fora posta em causa: “Mais importante do que demonstrar que Portugal tem um Governo coeso, é mostrar que temos um país capaz de resgatar a sua autonomia, independência, regressando a um crescimento sustentável que todos os cidadãos merecem”.
As palavras de Passos Coelho carregaram um sentido político. “O que estamos a pedir a Portugal não é que salve a face ao seu Governo. Todos os decisores e todos os portugueses devem empenhar-se na tarefa de retirar Portugal da emergência em que o país está”, disse.
O primeiro-ministro manifestou-se “convencido de que as pessoas em Portugal sentem que este é um momento decisivo” e sublinhou que o Governo “está a fazer a sua parte”, no objetivo de superar este período crítico.
Passos abordou ainda a reunião de quarta-feira, em Bruxelas, que será decisiva, num novo encontro dos líderes europeus. E revelou-se otimista: “Na quarta-feira, quando nos encontrarmos de novo em Bruxelas, teremos conseguido um plano credível para a Grécia”.
E uma solução para a Grécia será, em simultâneo, uma solução para os países da Zona Euro, “sujeitos ao efeito sistémico, a partir da instabilidade grega”, sustenta o primeiro-ministro.
“Vamos criar mecanismos – seja nos países com mais dificuldades, como Portugal e a Irlanda, mas também outros que estão a ser afetados – para que todos tenham uma banca recapitalizada, que enfrente as dificuldades. Desse modo, poderemos tomar as medidas adequadas para que os desequilíbrios da Zona Euro possam ser corrigidos”, afirmou.