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Partilha fotos e vídeos dos seus filhos nas redes sociais? (com vídeo)

Continua a partilhar fotografias ou vídeos dos seus filhos no Facebook? Acha que esse hábito não constitui qualquer perigo? Veja uma reportagem da BBC e perceba como funciona a pedofilia nas redes sociais.

Chegaram as férias (para os filhos e alguns pais) e o convívio familiar gera o fenómeno de aumento de publicação de imagens de crianças nas redes sociais, por iniciativa dos pais. E você? Continua a cometer este erro?

Nem seria necessário recuar no tempo e recordar a sentença do Tribunal da Relação de Évora, que proibiu um casal de publicar imagens de uma menina de 12 anos – decisão judicial que resultou de uma disputa de poder parental dos pais dessa menor.

“Os filhos não são coisas ou objetos pertencentes aos pais e de que estes podem dispor a seu bel-prazer. São pessoas e consequentemente titulares de direitos”, leu-se no acórdão da Relação de Évora, que poderá até fazer jurisprudência e ser aplicado a qualquer ato semelhante.

E que direitos são esses? Vamos ao Código Civil, que determina que “o retrato de uma pessoa não pode ser exposto, reproduzido ou lançado no comércio sem o consentimento dela”.

No caso das redes sociais, exclui-se a questão comercial, mas nenhuma das outras pode ser afastada – falamos de exposição e reprodução.

Refira-se, no entanto, que a questão legal não é a única que deve suscitar uma reflexão dos pais, quando partilham fotos ou vídeos dos filhos nas redes sociais. Há outros perigos inerentes a essa prática.

A BBC realizou uma reportagem sobre o avanço da pedofilia no Facebook. Com uma conta criada para entrar em grupos secretos de pedófilos, foram descobertas fotografias de crianças, roubadas a utilizadores que as partilharam na rede social.

São imagens do dia a dia das famílias. Rostos simples, um sorriso inocente, uma brincadeira na piscina. E o que fazem os pedófilos com estas imagens? Criam cenários e trocam fantasias, fazendo comentários naqueles grupos secretos.

O Facebook permitiu a existência de grupos secretos chamados, por exemplo, “Cute teen schoolies”, algo que se pode traduzir como “estudantes adolescentes bonitas”, cujo teor são fotos de adolescentes e comentários de cariz pedófilo.

Só após denúncias alguns grupos foram banidos da rede social. Mas há muitos outros do género, com pessoas que se dedicam a partilhas fotos de crianças e adolescentes.

O repórter entrevistou um agente de polícia, que defende que o Facebook não deveria permitir a existência de grupos secretos, uma área “perigosa” onde há “perversão” e onde os pedófilos se ‘movimentam’ em segurança (não há denúncias) com material que não lhes pertence: as fotografias dos seus filhos?

Veja a reportagem da BBC. É provável que reformule alguns hábitos no Facebook, mas, acima de tudo, poderá perceber o que representa estar na mesma plataforma que criminosos da pior espécie.

Um detalhe. Graças a esta reportagem, e perante a inoperância da rede de Zuckerberg, foi possível deter um pedófilo, com a ajuda da polícia.

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