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Partido da oposição na Guiné-Equatorial exige dissolução do Governo

O líder da Convergência para a Democracia Social (oposição) da Guiné Equatorial exigiu hoje a dissolução do Governo, depois da apreensão de milhões de euros em dinheiro e joias, no Brasil, à delegação que acompanhava o vice-presidente equato-guineense.

Depois de reunião da Convergência para a Democracia Social (CPDS), realizada na tarde de hoje, Andrés Esono Ondo vincou que o episódio de sexta-feira da apreensão de 16 milhões de euros (13,7 milhões de euros), em dinheiro e joias, à comitiva que acompanhava Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como ‘Teodorin’ e um dos filhos do Presidente, Teodoro Obiang Nguema, mostrou que “está organizado um sistema de corrupção na Guiné-Equatorial”.

“Este acontecimento preocupa-nos muito e demonstra que estamos num país onde predomina a corrupção organizada, para sacar as riquezas do Estado”, disse à agência Lusa Ondo, acentuando que “a pobreza se generalizou muito, há desemprego, famílias que não podem pagar a educação dos seus filhos, muitos jovens sem futuro, sem emprego, sem escolas”.

O dirigente da CPDS assinalou que “não há nada” na Guiné-Equatorial “porque a família do Presidente, no poder há 39 anos, está a saquear o país”, que está “um bocado num caos”.

“Há um sistema de corrupção que está a dominar o país e, agora, tem que se dissolver o Governo e tem que ser criado um Governo de Salvação Nacional que seja capaz de endireitar a situação e assegurar a transição política até eleições democráticas e transparentes”, afirmou o líder da CPDS.

A apreensão ocorreu no aeroporto de Campinas, em São Paulo, momentos após a aterragem do avião privado em que viajou Teodoro Obiang Mangue, conhecido como Teodorin, vice-presidente da Guiné-Equatorial.

De acordo com a edição ‘online’ do jornal Estado de São Paulo, a polícia federal apreendeu quase 1,5 milhões de dólares (1,3 milhões de euros) em notas numa mala e cerca de 20 relógios de luxo noutra, depois de inspecionada a bagagem das 10 pessoas da delegação.

Teodoro Obiang Mangue, que beneficiou de imunidade diplomática, aguardou num automóvel no exterior do aeroporto a realização da inspeção da bagagem.

Segundo a lei brasileira, a entrada no país de dinheiro em espécie está limitada a 10.000 reais, que corresponde a 2.000 euros.

Fonte diplomática equato-guineense citada pelo Estado de São Paulo explicou que Obiang transportava aquela quantidade de dinheiro para pagar um tratamento médico e custear a hospedagem em hotel de luxo e que os 20 relógios são de “uso pessoal do vice-presidente, com as iniciativas gravadas.

Segundo o jornal brasileiro, Teodorin viaja frequentemente para o Brasil, onde é “conhecido por promover festas extravagantes e até por patrocinar uma escola de samba, no Carnaval carioca”.

Em outubro de 2017, um tribunal de Paris condenou Teodoro Nguema Obiang Mangue a uma pena de três anos de prisão, suspensa na aplicação, por branqueamento e desvio de milhões de dólares do erário público.

A Guiné Equatorial, país com cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África.

Teodoro Obiang foi reeleito em 2016 com mais de 90 por cento dos votos para um quinto mandato de sete anos.

O Governo da Guiné Equatorial é acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.

Este país africano faz parte, desde 2014, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

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