O cabeça de lista por Lisboa do Partido Democrático Republicano (PDR), Pedro Pardal Henriques, rejeitou hoje que a sua candidatura às eleições legislativas de 06 de outubro seja o início de uma carreira política.
“Eu não consigo adivinhar aquilo que vai ser o dia de amanhã, mas não é uma carreira política absolutamente, porque não preciso da política, eu tenho uma vida cá fora”, disse aos jornalistas o ex-porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMM), em Lisboa.
Pedro Pardal Henriques e o líder do PDR, António Marinho e Pinto, entregaram hoje a lista de candidatos do partido ao círculo de Lisboa.
O ex-porta-voz, que teve um papel ativo na greve dos motoristas e nas negociações que se seguiram, afirmou ser um trabalhador e um empresário, pelo que está ciente de “quais são os dramas de um trabalhador” e “quais são os dramas de um empresário”.
“Acho que serei uma mais-valia para acrescentar a este projeto do PDR”, advogou.
Na quarta-feira, o presidente do PDR, António Marinho e Pinto, anunciou que o advogado e, agora, ex-porta-voz do SNMM é candidato às eleições legislativas.
Horas mais tarde, Pardal Henriques comunicava ter aceitado o convite para encabeçar a lista do PDR a Lisboa, deixando de ser porta-voz do SNMMP, para “não misturar o que poderia ser interpretado como campanha eleitoral”.
No entanto, de acordo com advogado, continuará “a representar juridicamente” o SNMMP, assim como os outros sindicatos que aceitou defender.
O convite para encabeçar a lista do partido que foi oficializado em 2015 “surgiu há relativamente pouco tempo e foi uma surpresa”, apontou o Pedro Pardal Henriques, notando que este não foi o único partido interessado.
“Agradeci este convite e outros que me foram endereçados […] Na passada segunda-feira aceitei ingressar nesta candidatura porque, de todos os partidos e de todas as propostas, é aquela em que eu me revejo”, assinalou, tecendo elogios a Marinho e Pinto porque “foi sempre uma pessoa que lutou pelos mesmos ideais, contra a corrupção, contra a fraude fiscal, contra a hipocrisia, a favor dos mais desfavorecidos”.
O advogado indicou que aceitou o convite porque esta vai ser uma forma de “continuar a lutar pelos direitos dos trabalhadores” e também porque “este partido é constituído por trabalhadores, não é por profissionais da política”.
“Acredito que possamos fazer algo diferente e possamos mudar aquilo que tem vindo a estar instituído no nosso sistema político em Portugal”, sustentou, elencando que o seu foco será “a luta contra a hipocrisia, a luta contra a corrupção, a luta pelos mais desfavorecidos, a luta para que se cumpram integralmente os direitos fundamentais que estão consagrados na Constituição”.
Confrontado com as críticas de aproveitamento da exposição mediática que teve enquanto porta-voz do sindicato, o advogado desvalorizou, indicando que o caminho da política “nunca foi” a sua intenção.
“Compreendo que, não havendo mais nada para atacar, possam atacar com isto e, quando eu fiz o comunicado a aceitar o convite, fi-lo logo esclarecendo isto de uma vez por todas”, afirmou, apontando que representa o sindicato desde 2017.
Assim, Pardal Henriques recusou que tenha sido uma estratégia pensada, alegando que “não era possível pensar numa estratégia destas em 2017”.
Por sua vez, o presidente do PDR sinalizou que Pardal Henriques “é um homem que, pela sua atividade, pela sua ação, quer como advogado, quer como cidadão, preenche os requisitos” que o partido defende, e, por isso, foi “uma comunhão de ideais”.
Apontado que foi “tudo coincidência”, também Marinho e Pinto recusou uma ligação entre a exposição mediática do ex-porta-voz do sindicato e este convite, referindo não haver “aproveitamento nenhum”.
“Nós apostámos no doutor Pedro Pardal Henriques porque ele é um homem de causas, como eu sou, como sempre fui, como somos no PDR”, afirmou, justificando que a exposição mediática se deveu precisamente à defesa de causas e não teve por bases “piruetas e pirotecnia mediática”.
Questionado sobre se conhecida o agora candidato antes da greve de abril, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados indicou que “há no partido quem o conhecesse há muito tempo e que falou com ele”.
Sobre a data em que foi lançado o convite para encabeçar a lista, Marinho e Pinto disse não saber de cor.
“Eu não sei se estavam em greve ou não mas isso não é relevante”, considerou.
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