Em Castelo Branco, António Costa, candidato do PS a primeiro-ministro, Angela Merkel, chanceler alemã, “não tem razão” quando diz que Portugal tem licenciados a mais. “Nós não temos licenciados a mais, temos ainda licenciados a menos”, contrapõe o futuro secretário-geral socialista.
A opinião de Angela Merkel sobre a quantidade de licenciados em Portugal não colhe a simpatia ou concordância de António Costa.
Para o futuro secretário-geral socialista, o país enfrenta precisamente o cenário oposto: precisa de mais licenciados. “A senhora Merkel não tem razão”, diz o candidato do PS a primeiro-ministro.
“Nós não temos licenciados a mais, temos ainda licenciados a menos. O nosso problema não é o excesso de qualificação”, salienta António Costa, em declarações citadas pela agência Lusa, reproduzidas durante um discurso em Castelo Branco, para militantes socialistas.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa considera que há um “défice de qualificação” e que o país necessita de “empregos qualificados para a geração que está a formar”.
A visão de Merkel não colhe a simpatia de António Costa mas, segundo o candidato do PS a primeiro-ministro, é a visão do Governo. “Eles estão enganados”, defendeu, lembrando ainda os cortes do Governo na Educação.
“Se o Governo tivesse uma visão estratégica positiva sobre o país, quando olhou para a necessidade de fazer cortes no orçamento, o último que faria era o corte dos 700 milhões de euros que faz no investimento do Ministério da Educação e da Ciência”, salientou, citado pela Lusa.
Costa lembrou ainda o incentivo à emigração, dirigido aos jovens desempregados:
“Não é como o Governo disse aos jovens mais qualificados, para emigrarem. Não. A resposta é que precisamos destes jovens e desta geração mais qualificada para desenvolver o nosso país. Esse é o caminho e é essa a estratégia que temos de conseguir sustentar e desenvolver no país”.
O candidato a secretário-geral do PS mostrou uma visão diferente, para o futuro do país. “Há dois caminhos alternativos pela frente: ou o caminho do empobrecimento, ou o da qualificação”, afirmou.
Recorde-se que Merkel considerou que Portugal tem licenciados em excesso e defendeu uma aposta no ensino vocacional, num encontro com a associação patronal federal alemã.
“Temos de nos afastar” do incentivo ao estudo universitário, pois “de outra forma não seremos capazes de persuadir países como Portugal e Espanha, que têm muitos licenciados”, argumentou Merkel.