O “recluso” José Sócrates – assim se autointitula o ex-primeiro-ministro, nesta carta enviada ao DN –, usou a liberdade de expressão para reagir, uma vez mais, à sua condição de preso preventivo. Sócrates defendeu-se, atacando. Atacando a “cobardia dos políticos”, as cumplicidades entre Justiça e alguns jornalistas, “o cinismo das faculdades e dos professores de Direito”. A terminar, na carta que o DN recebeu, uma declaração forte, talvez com o Presidente da República como alvo. “Quem nos guarda dos guardas? Silêncio. ‘As instituições estão a funcionar’”. Com esta última frase citada por Sócrates, Cavaco reagira à detenção do ex-primeiro-ministro. O remetente destas cartas é sempre o mesmo. Os destinatários também.
José Sócrates voltou a falar, a partir do Estabelecimento Prisional de Évora, onde se encontra em prisão preventiva, mas livre para falar. O ex-primeiro-ministro usa o direito da liberdade de expressão para se defender. Defender, atacando. E são vários os alvos definidos por Sócrates.
Desde logo o “sistema”, que, segundo sustenta nesta carta enviada ao Diário de Notícias, que “vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas; do cinismo das faculdades e dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto”.
José Sócrates cita uma declaração que, curiosamente, António Costa tem repetido vezes sem conta. E cita-a para a criticar. “De resto, basta-lhes dizer: Deixem a justiça funcionar”.
Não será Costa o alvo da crítica, até porque históricos socialistas como Almeida Santos teceram o mesmo comentário. E é a frase que a oposição, desde o primeiro-ministro aos deputados da maioria, mais repete. Também Cavaco Silva a utiliza.
Mas o Presidente da República parece ser veladamente criticado por Sócrates numa das frases mais fortes. “Quem nos guarda dos guardas? Silêncio. ‘As instituições estão a funcionar’”.
Recuperemos o que disse o chefe de Estado sobre a prisão preventiva de José Sócrates: “Espero até que não se altere nada [na imagem de Portugal no estrangeiro] porque quem nos observa verifica que as instituições democráticas estão a funcionar”. A declaração foi proferida por Cavaco, aos jornalistas, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Retomando Sócrates. Na mesma carta ao DN, o ex-primeiro-ministro encontra os motivos para a sua detenção e prisão. “Prende-se para melhor investigar, prende-se para humilhar, para vergar. Prende-se para extorquir, sabe-se lá que informação. Prende-se para limitar a defesa: sim, porque esta pode ‘perturbar o inquérito’”, defende.
Os jornalistas publicam fugas de informação participam, segundo Sócrates, para, em troca, construírem na opinião pública uma boa imagem dos magistrados e das polícias.
“Os jornalistas (alguns) fazem o trabalho. Toma lá informação, paga-me com elogios. Dizem-lhes que é crime conhecerem, eles compensam-nos com encómios: magnífico juiz, prestigiado procurador; polícia dedicado e competente”, refere o ex-primeiro-ministro na missiva.
As frases marcantes de Sócrates, desde que está em prisão preventiva.
“O ‘sistema’ vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas; do cinismo das faculdades e dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto. De resto, basta-lhes dizer: Deixem a justiça funcionar [declaração em carta enviada ao DN]
“Prende-se para melhor investigar, prende-se para humilhar, para vergar. Prende-se para extorquir, sabe-se lá que informação. Prende-se para limitar a defesa: sim, porque esta pode ‘perturbar o inquérito’” [declaração em carta enviada ao DN]
“Os jornalistas (alguns) fazem o trabalho. Toma lá informação, paga-me com elogios. Dizem-lhes que é crime conhecerem, eles compensam-nos com encómios: magnífico juiz, prestigiado procurador; polícia dedicado e competente” [declaração em carta enviada ao DN]
“Quem nos guarda dos guardas? Silêncio. ‘As instituições estão a funcionar’”. [declaração em carta enviada ao DN]
“Sinto-me mais livre do que nunca” [declaração em carta enviada à TSF e ao Público]
“Só deixa de ser livre quem perde a dignidade” [declaração em carta enviada à TSF e ao Público]