O mais novo foragido no Paquistão tem apenas 9 meses de idade. Um bebé é acusado de tentativa de homicídio, durante um alegado ataque da família a trabalhadores e polícias. O avô questiona: “ele nem sabe segurar no biberão, como pode apedrejar um polícia?”

O mais novo foragido (na dupla aceção da palavra) no Paquistão é um bebé com 9 meses de idade. Apesar de não conseguir “segurar no biberão”, segundo o avô, é acusado de tentativa de homicídio por ter atirado pedras contra trabalhadores da empresa de gás e, de seguida, contra a polícia.

Estando em fuga, Musa Khan, o bebé, não poderá apresentar-se na audiência agendada para 12 de abril.

Para além da criança, mais quatro pessoas da família foram identificadas pela polícia e estão referidas como autores da tentativa de homicídio, num caso que ocorreu em fevereiro.

Corte do gás

Quando os trabalhadores de uma empresa de gás foram cortar alguns abastecimentos num bairro pobre de Lahore (na província de Punjab), devido a pagamentos em atraso, vários moradores protestaram.

Segundo a acusação, cinco elementos da família Khan, incluindo o bebe de 9 meses, apedrejaram os funcionários e a polícia, quando esta foi chamada ao local.

“Havia apenas mulheres nas casas e estas resistiram ao corte do abastecimento”, contrapôs Muhammad Yasin, o avô de Musa e um dos cinco acusados.

O homem admitiu que os moradores cortaram a estrada, após o corte do abastecimento, e que foram gritadas palavras de ordem contra as autoridades, assim que estas responderam à ocorrência.

Muhammad Yasin negou qualquer protesto violento e questiona como é possível incriminarem o neto: “ele nem sabe segurar no biberão, como pode apedrejar um polícia?”

Em fuga

Certo é que Musa teve de ir a tribunal identificar-se. As fotos do bebé a chorar, enquanto lhe são tiradas as impressões digitais, chegaram esta semana à imprensa internacional, embora a audiência tenha ocorrido na quinta-feira.

O ‘bebé homicida’ está agora em fuga, algures na zona de Faisalabad: o resto da família promete esconder Musa para o proteger da “pressão” das autoridades.

“Tivemos que nos mudar para um lugar secreto porque somos pobres e a polícia está fazer uma forte pressão sobre nós para manipular o caso”, adiantou Yasin.

Ataque aos pobres?

O polícia que redigiu o relatório no qual o bebé é incriminado encontra-se suspenso temporariamente, após os protestos de movimentos civis e até de alguns colegas das forças de segurança.

O juiz ao qual o caso foi entregue mandou abrir um inquérito à atuação policial e exige explicações sobre como pode um bebé de 9 meses ser acusado de tentativa de homicídio.

“O caso questiona a eficiência da polícia de Punjab”, salientou Irfan Sadiq Tarar, o advogado da família Khan.

Várias organizações não governamentais têm alertado para a existência de casos judiciais insólitos, visando sempre famílias pobres, que servem como exemplo punitivo para toda a sociedade paquistanesa.