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Papa quer ir ao Iraque e critica o mundo com “o deus dinheiro no centro”

papa francisco i O Papa confessou-se aos jornalistas no regresso da Turquia. Francisco quer ir ao Iraque, criticou a Humanidade por não ter aprendido “nada com Hiroshima e Nagasaki” e criticou o tráfico de armas e “o deus dinheiro” que colocou o mundo numa “III Guerra Mundial”.

Há uma III Guerra Mundial a decorrer, mas o mundo ignora-a para adorar o deus dinheiro. O aviso é do Papa Francisco, que aproveitou a viagem da Turquia para o Vaticano para se confessar aos jornalistas.

A conversa começou com uma revelação: um dos desejos do líder da Igreja Católica romana é visitar o Iraque. Só ainda não se tornou realidade por motivos de “segurança”.

“Eu quero ir lá. Conversei com o patriarca Sako, convidei o cardeal Filoni, mas de momento não é possível. Não porque eu não quero, mas porque, se fosse neste momento, criaria um problema sério de segurança para as autoridades. Eu gostaria muito”, realçou.

A escolha tem uma explicação: a minoria cristã é uma das mais perseguidas, em território iraquiano, pelos rebeldes jihadistas do Estado Islâmico (ISIS, na sigla internacional). Mas o ISIS, segundo o Papa, é apenas um dos ‘exércitos’ que luta atualmente na “III Guerra Mundial, em pedaços, em capítulos, por todos os lugares”.

O problema é que os dirigentes políticos, segundo Francisco, pretendem “salvar este sistema onde o deus dinheiro está no centro, não a pessoa”, isto ainda sem contar com os “problemas comerciais”.

“O tráfico de armas é terrível e um dos negócios mais fortes da atualidade. Os conflitos multiplicam-se porque as armas são dadas. No ano passado, em setembro, todos diziam que a Síria tinha armas químicas. Eu acredito que a Síria não estava em situação de ter armas químicas. Quem as vendeu? Talvez alguns daqueles que acusavam o país de tê-las. Esse negócio de armas é um mistério”, afirmou o Papa.

Para o sumo pontífice, “a Humanidade não aprendeu nada com Hiroshima e Nagasaki”, as cidades japoneses onde os EUA largaram as bombas atómicas, na II Guerra Mundial.

O Papa realçou ainda que o Islão não é belicista, revelando ter abordado esse assunto na reunião com o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan: “Eu disse-lhe que seria bonito se todos os líderes islâmicos, os líderes políticos, religiosos e académicos condenassem claramente o terrorismo e falassem que isso não é o Islão”.

Francisco espera que os muçulmanos de todo o mundo digam a uma só voz, sobre os conflitos, “nós não somos isso, isso não é o Alcorão, o Alcorão é um livro de paz”.

O sumo pontífice abordou ainda, na longa conversa com os jornalistas, a vontade expressa de reunificar a Igreja Católica romana com as ortodoxas. Depois do Papa de Constantinopla, Bartolomeu I, ter manifestado a mesma vontade, o Papa do Vaticano quer agora reunir com o Patriarcado de Moscovo.

“Ele manifestou a vontade de acertar um encontro. “Você chama-me e eu vou”, respondi-lhe, e ele tem a mesma vontade. Porém, nestes últimos meses, com o problema da guerra e com tantos problemas que existem, o encontro passou para segundo plano”, reconheceu o Papa Francisco.

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