O papa Francisco advertiu hoje que o medo sentido em relação às migrações está a deixar o mundo louco, numa referência direta à insistência do Presidente norte-americano em construir um muro fronteiriço para travar a entrada de migrantes.
O pontífice falava aos jornalistas na viagem para o Panamá, onde irá presidir as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), e quando questionado sobre a proposta de Donald Trump para construir um muro entre os Estados Unidos e o México respondeu: “É o medo que nos torna loucos”.
Francisco, o primeiro papa oriundo da América Latina e filho de imigrantes italianos, tem colocado as questões relacionadas com os migrantes e com os refugiados entre os temas centrais do seu pontificado e por diversas ocasiões tem apelado à construção “de pontes e não de muros”.
Nesta deslocação ao Panamá, país da América Central que faz ligação com a América do Sul, é expectável que o papa dirija palavras de encorajamento aos jovens centro-americanos, nomeadamente para criarem as suas próprias oportunidades de vida, mas que também peça aos governos da região para tomarem ações concretas.
Citado pelas agências internacionais, o arcebispo do Panamá, José Domingo Ulloa, afirmou que a mensagem de Francisco deve ter repercussões junto dos jovens centro-americanos que atualmente só percecionam um futuro livre de violência e de pobreza nos Estados Unidos e não nos respetivos países.
“Os jovens que muitas vezes caem nas mãos de narcotraficantes e que enfrentam tantas outras realidades”, referiu o arcebispo.
A visita de Francisco ao Panamá acontece numa altura em que os serviços do governo federal norte-americano estão paralisados há mais de um mês, o designado ‘shutdown’.
A paralisação parcial dos serviços federais está em vigor devido ao braço-de-ferro entre Donald Trump, que insiste em obter financiamento para a construção de um muro na fronteira com o México, e os democratas no Congresso norte-americano, que se opõem à medida defendida pelo Presidente.
Ao longo dos últimos meses, grandes grupos de migrantes oriundos de países da América Central têm percorrido centenas de quilómetros, muitos deles a pé, em direção à fronteira dos Estados Unidos.
Fugir da miséria, da violência de grupos criminosos organizados e alcançar o ‘sonho americano’ são as principais motivações destas pessoas.
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