Categorias: MundoNas Notícias

Países sul-americanos lançam um novo bloco regional

Sete países da América do Sul criam hoje, no Chile, um novo organismo de integração regional, a PROSUL, com ideologia de direita e a favor do mercado livre, em substituição da falida UNASUL, de ideologia de esquerda.

Dos 12 países sul-americanos, apenas sete aderem imediatamente ao projeto e enviaram seus respetivos presidentes: Chile, Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Argentina e Paraguai.

Bolívia, Uruguai, Guiana e Suriname não aderiram, os dois primeiros por desconfiarem que o novo bloco seja apenas uma união da nova direita regional.

São requisitos para integrar o PROSUL (“Progresso para a América do Sul” ou “Progresso sul-americano”) a vigência plena da Democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e das liberdades individuais, exigências que segundo a organização excluem a Venezuela.

Por isso, o país não foi incluído, embora o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, tenha sido convidado.

Congelada desde 2017, quando o então secretário-geral, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper deixou o cargo, a União de Nações Sul-americanas (UNASUL) afundou-se ao expor as profundas diferenças e contradições entre os países da América do Sul, que não se entenderam nem mesmo quanto ao novo nome a ser designado.

A UNASUL ficou refém do choque entre uma região de governos de esquerda durante mais de uma década e a nova onda de direita que, a partir de 2015, foi ganhando as eleições em todos os países.

Os novos governos eleitos retiraram-se da UNASUL, considerada um organismo de integração demasiado ideológico à esquerda.

Atualmente, dos 12 países sul-americanos, apenas cinco continuam numa UNASUL falida (Bolívia, Suriname, Guiana, Uruguai e Venezuela).

Nesses países, não houve uma mudança política, embora Bolívia e Uruguai tenham eleições em outubro próximo.

“Se na criação da UNASUL, o erro foi que tivesse determinada ideologia política, gerar agora outro processo de integração, também com finalidade ideológica, será como cometer o mesmo erro”, disse o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, que não estará presente e manda apenas um secretário de Estado do MNE em caráter de “observador”.

“Não é nem UNASUL nem PROSUL. Somos a região mais integracionista do mundo. Temos uma vocação de integração enorme, mas enorme também é a sua ineficiência”, sentenciou Vázquez.

A UNASUL nasceu com o nome de Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA) em 2004, numa iniciativa do então governo brasileiro do ex-presidente Lula. Para a política externa brasileira, a zona de influência do maior país da região é a América do Sul.

Foi o então presidente venezuelano Hugo Chávez que sugeriu mudar o nome para UNASUL. Aos poucos, no entanto, o bloco tornou-se uma plataforma da esquerda regional em contraposição às ideias liberais e a influência dos Estados Unidos.

Com o propósito de resgatar agora um processo de integração do qual pretende ser líder, o presidente chileno, Sebastián Piñera, lançou a iniciativa de um novo organismo que aponte para a articulação dinâmica entre os países com conteúdos práticos e benefícios para a população, como a integração em infraestrutura, em energia e em cooperação, sem carga ideológica.

Apesar de se anunciar como um bloco mais pragmático, os críticos veem na iniciativa PROSUL o objetivo de promover a direita em detrimento da esquerda.

“Questões estratégicas têm a ver com ideologia, mas não se pode criar uma instância que dependa da ideologia dos presidentes porque, no dia de amanhã, se a esquerda ganhar as eleições num país, então esse país vai sair da PROSUL”, explicou à Lusa o sociólogo e cientista político chileno, Patricio Navia, professor da chilena Universidade de Diego Portales e da New York University.

Outra crítica é quanto ao excesso de fóruns regionais cheios de boas intenções, mas sem resultados concretos.

“O problema é que a América Latina já tem muitas iniciativas de integração que não funcionam muito bem. A PROSUL corre o risco de ser mais uma foto de presidentes que se reúnem sorridentes, mas que se vai perder entre tantas outras iniciativas da América Latina”, desconfia Navia.

Lusa

Partilhar
Publicado por
Lusa

Artigos relacionados

Euro Dreams resultados de hoje: Chave do EuroDreams de quinta-feira

Euro Dreams Resultados Portugal: A mais recente chave do EuroDreams é revelada hoje. Conheça os…

há % dias

Hipertensão arterial: combater o ‘assassino silencioso’ é mais importante do que nunca

Artigo de opinião de Denis Gabriel, Neurologista, membro da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC.…

há % dias

Células estaminais: perspetivas terapêuticas promissoras nas doenças inflamatórias

View Post Artigo de opinião da dra. Andreia Gomes, diretora-técnica e de Investigação e Desenvolvimento…

há % dias

16 de maio, Junko Tabei torna-se na primeira mulher a chegar ao topo do Everest

A alpinista japonesa Junko Tabei, que nasceu em Fukushima, a 23 de maio de 1939,…

há % dias

Mover-se (bem) pela saúde do aparelho locomotor

Enveredar pela jornada de perda de peso, quando o objetivo é combater quadros de excesso…

há % dias

Números do Euromilhões: Chave de terça-feira, 14 de maio de 2024

Conheça os resultados do sorteio do Euromilhões. Veja os números do Euromilhões de 14 de…

há % dias