Mundo

Países africanos precisam de dados estatísticos para melhorar governação

Os países africanos precisam de dados estatísticos robustos para poderem conceber políticas eficientes para a educação ou saúde, avisou a diretora executiva da Fundação Mo Ibrahim, Nathalie Delapalme, que elogiou Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

“Existe uma preocupação abrangente com a falta de estatísticas para monitorizar de maneira coerente se África está no caminho certo ou não. Sem dados sólidos, não podemos ter políticas sólidas. Se não se pode avaliar o estado atual, se não se pode dizer exatamente para onde se quer ir e se não pode monitorizar se está a ir corretamente, é muito difícil liderar políticas eficientes”, afirmou à agência Lusa.

Esta foi uma das principais conclusões do “Relatório sobre a Governação Africana da Fundação Mo Ibrahim” lançado em outubro com o objetivo de avaliar o progresso em termos da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas) e da Agenda África 2063, destacando algumas prioridades.

Por exemplo, na educação, o relatório encoraja os governos a alinhar melhor a educação com as necessidades do mercado de trabalho, apostando no envolvimento do setor privado para avaliar as necessidades em termos profissionais.

Na área da saúde, realçou a importância da disponibilidade, qualidade, acessibilidade, particularmente económica, e capacidade dos serviços de saúde, bem como a segurança alimentar.

Sobre a prosperidade e oportunidades económicas, o estudo incentiva os governos a promoverem economias diversificadas, a acelerar o progresso a nível de infraestruturas, nomeadamente dos transportes, eletricidade e tecnologias de informação e comunicação.

A Fundação, que baseou este estudo nos dados do Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG), concluiu que “os institutos de estatísticas nos países africanos em geral sofrem de falta de recursos financeiros” e de apoio dos governos.

Segundo o relatório, quase metade das metas da Agenda 2063 – definida pela União Africana – não é diretamente quantificável e menos de 20 por cento não possui um indicador para medir progressos.

Mais de metade dos tipos de fontes de dados sobre os indicadores dos ODS em África correspondem a estimativas ou estudos internacionais e apenas um terço das fontes de dados são de fontes diretas nacionais, refere.

Cabo Verde e São Tomé e Príncipe destacam-se por fazerem parte de um grupo de oito países africanos com sistemas operacionais de registo de natalidade e óbitos para mais de 90 por cento da população.

“São dois países pequenos e, obviamente, indicam que, quanto maior o seu país, provavelmente mais difícil é ter um sistema de registo vital e sólido”, admitiu a antiga inspetora geral das Finanças em França, em declarações por telefone à Lusa.

Porém, também salientou que os governos africanos precisam de “considerar e estarem cientes da importância dos dados” e que até agora “houve um empenho insuficiente para este setor importante”.

Em destaque

Subir