Os pais de Azaria Chamberlain, uma bebé australiana, libertaram-se da culpa da morte da menina, 32 anos depois de terem perdido a filha. O caso ocorreu a 17 de Agosto de 1980 e foi reaberto, o que permitiu que ficasse provado em tribunal que a criança foi atacada por um dingo – versão que a mãe sempre defendeu, porque viu o cão selvagem sair da tenda onde estavam acampados.
E 32 anos depois, o tribunal considerou provado que a menina foi vítima desse cão selvagem da Austrália, quando tinha nove semanas de vida. O ataque do dingo suscitou um processo judicial e duas condenações. A mãe de Azaria, Lindy Chamberlain-Creighton, foi condenada a prisão perpétua, em 1982, pela autoria do crime que levou à morte da filha. Já o pai, Michael Chamberlain, mereceu uma pena de 18 meses, por cumplicidade.
Foi por isso com a voz embargada que a juíza Elizabeth Morris leu, na manhã desta terça-feira, o veredito: inocentes. Azaria não foi morta pela mãe, mas sofreu um ataque de um dingo, num parque nacional localizado no centro da Austrália. De acordo com a magistrada, não existe qualquer dúvida da razão da morte e as provas são “claras e contundentes”.
O caso fora reaberto em 1987, sendo que as sentenças viriam a ser anuladas, não obstante permanecerem dúvidas sobre a razão da morte de Azaria Chamberlain e o autor do crime. As investigações terminaram em 1995 e as dúvidas pairavam.
Em fevereiro de 2011, uma nova reabertura do processo, por iniciativa dos pais, que tinham como objetivo a alteração da certidão de óbito da filha. Em vez de “causas desconhecidas”, os Lindy e Michael Chamberlain pretendiam ver corrigido para “ataque de um dingo”. Esse objetivo foi conseguido.
A mãe de Azaria revelou sempre que vira um dingo a sair da tenda onde se encontrava a bebé. E 32 anos depois a sua versão dos factos acaba por ser confirmada num tribunal da Austrália.
Esta história de Azaria, Lindy e Michael inspirou um realizador de cinema, que se baseou no tema para o filme ‘Um Grito na Escuridão’, que valeria um prémio no Festival de Cannes de 1988 à atriz Meryl Streep, com nomeação para um Óscar.
Viria a ser também tema de uma ópera (‘Lindy’) e de uma série (‘Através dos Meus Olhos’). Mas foi, sobretudo, vida real, que acaba sem Azaria, mas com justiça para uma mãe e um pai que perderam uma filha: a pior das sentenças.
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