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PAIGC vence as eleições legislativas da Guiné-Bissau em Paris

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) venceu as eleições legislativas da Guiné-Bissau em Paris com 142 votos, tendo votado neste escrutínio 262 cidadãos guineenses recenseados na capital francesa, disse o presidente da mesa de voto.

“Tudo começou bem e acabou muito bem, não houve reclamações e os votantes votaram em massa. […] Sabemos que há tensões partidárias e foi por isso que dei o meu máximo para ter a certeza que tudo corria bem, como correu”, disse o presidente da mesa de voto de Paris, Mussa Sanha, em declarações à agência Lusa.

Do universo de 800 eleitores recenseados em França, metade estavam registados na mesa de Paris e 262 compareceram durante este domingo para votar.

O PAIGC, liderado pelo ex-primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, recebeu 142 votos, seguido pelo Movimento Alternativo Democrático (MDA) com 52 votos, pelo Partido para a Renovação Social (PRS) com 49 votos, pelo Movimento Guineense para o Desenvolvimento (MGD) com cinco votos e pelos partidos Partido da Convergência Democrática (PCD) e Movimento, Bafatá cada um com dois votos. Houve ainda cinco votos em branco e cinco votos nulos.

Os resultados da mesa de Paris foram acatados por todos os delegados partidários presentes, tendo os vencidos congratulado o vencedor.

A afluência às urnas por parte dos guineenses em Paris foi maior durante a parte da manhã. A embaixadora da Guiné-Bissau em Paris, Filomena Mascarenhas Tipote, que esteve na mesa de voto pouco depois da sua abertura, disse à Lusa que todos os recenseados teriam oportunidade de votar.

“As pessoas vão chegando pouco a pouco e quem se recenseou vai conseguir votar”, disse a diplomata, indicando como único problema os atrasos devido a problemas nos cadernos eleitorais.

“O caderno eleitoral não foi feito como outrora, em que se tinha o nome das pessoas por ordem alfabética. A lista, tal como foi concebida pela CNE, com fotografias e tudo, leva muito a tempo a encontrar os nomes”, frisou.

Essa dificuldade foi confirmada por Mário Veríssimo Balde, guineense que reside em França há 28 anos, apesar de ter indicado que tudo parecia organizado. Este guineense chegou à mesa de voto na capital francesa às seis da manhã, de modo a assegurar que conseguia votar antes de ir trabalhar.

Quanto à atual situação do seu país de origem, apontou o dedo à má preparação dos políticos guineenses.

“O cidadão guineense é ímpar porque somos dos mais pacíficos do Mundo, aceitamos o mal e não reclamamos. Quem acompanha o país sabe que os guineenses gostam do seu país, os nossos filhos que nasceram cá [em França] conhecem o país e falam do país. O que nos impede de avançar é a consciência dos políticos, pessoas mal preparadas que entram para a política”, disse ainda.

Para este guineense, que vive na região de Paris, a eleição representou o “tudo ou nada”. “Eu acho que desta vez ou tudo ou nada. Esperamos que a votação decorra no melhor clima possível e que ganhe o melhor”, afirmou, adicionando que a votação parecia organizada, havendo apenas problemas com a ordenação dos nomes nos cadernos eleitorais.

A organização da votação também saltou à vista de Roxanne Gomes, que vive em França há cinco anos e tem nacionalidade portuguesa e guineense. “A organização está a correr muito bem. Antes na comunidade havia mais barulho e mais escândalo, mas aqui vejo que as coisas estão organizadas”, afirmou, antes de entrar para votar.

Esta portuguesa e guineense ligada ao PAIGC veio votar com os filhos por falta de alternativa onde os deixar, mas também para que eles presenciem o momento de partilha entre a comunidade: “[É importante] para se começarem a socializar com as pessoas do seu país, é uma ocasião para conhecermos as nossas origens. Principalmente a minha filha, que nasceu em Portugal e diz que é portuguesa, mas já lhe disse que a sua origem é africana”, concluiu.

Durante o dia, vários guineenses passaram na mesa de voto instalada no número 92 da Rua Saint Lazare, no centro de Paris, não só para votar, mas também para confraternizar e falar da situação atual do país. Jean-Pierre Mandi foi uma das últimas pessoas a votar. Nascido em França de pais guineenses, este jovem de 31 anos participou pela primeira vez nas eleições da Guiné.

“Quero que o país avance e que se desenvolva. Esta é a forma que tenho de ajudar. […] Fui pela primeira vez à Guiné Bissau no ano passado e sinto que estas eleições também me dizem respeito”, disse o franco-guineense.

Questionado sobre as prioridades para o próximo Governo, Jean-Pierre Mandi não hesitou. “O mais importante a fazer é resolver os problemas dos transportes, as estradas são uma catástrofe, a educação e também a questão ambiental. O país é lindo, mas temos de trabalhar agora na questão da ecologia antes que tudo seja destruído, não há reciclagem e estamos a destruir a natureza”, indicou.

Até este momento, ainda não havia números oficiais das outras três mesas em França, que estavam em Lille, Évreux e Mantes la Jolie.

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