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Padre madeirense assume paternidade de bebé nascido em agosto

Giselo Andrade é o pároco da freguesia Monte, no Funchal, e assumiu recentemente a paternidade de uma menina, nascida em agosto deste ano. Apesar do impacto mediático que a boa nova está a ter na Madeira, Giselo Andrade celebrou a missa deste domingo que, até nova decisão do bispo, deverá manter.

As recentes notícias foram recebidas pela diocese com enorme tristeza, mas fez saber que a maior preocupação, agora, é garantir o “respeito pela dignidade das pessoas”.

O gabinete para a comunicação da diocese do Funchal esclareceu que “caberá ao próprio discernir, em diálogo com o bispo, se pretender continuar a exercer o ministério sacerdotal segundo as exigências e normas da Igreja ou se pretende abraçar outra vocação”, mesmo que o assunto seja considerado como “um contratestemunho daquela que deve ser a vida de qualquer sacerdote”.

De acordo com o jornal madeirense JM, o segredo do padre Giselo arrastou-se pela freguesia durante meses. A menina nasceu em agosto, mas o próprio bispo D. Manuel teve conhecimento do caso muito antes disso e optou por manter o pároco na paróquia durante todo esse tempo.

A lista de mudanças de sacerdotes na paróquia é conhecida, todos os anos, no mês de setembro. Este ano, no entanto, a lista demorou a ser divulgada e, quando saiu, neste sábado, a maior surpresa era a manutenção do padre Giselo na freguesia do Monte.

Ao Expresso, o gabinete de comunicação da diocese frisa que o padre deverá “assumir as suas responsabilidades”, mas adiantou que Giselo Andrade deseja manter-se no cargo.

“O sacerdote deseja continuar no exercício do seu ministério sacerdotal e sente que tem o apoio da comunidade paroquial do Monte, mas não deixa de ponderar o que for melhor para a igreja”, assumiu a diocese.

A verdade é que, como de costume, o padre Giselo celebrou a missa deste domingo e agradeceu, inclusive, o apoio que tem recebido por parte dos fieis neste momento delicado.

O fenómeno era conhecido entre o clero madeirense há vários meses, e levou o bispo D. Manuel Carrilho a gerir o processo com cautela, pelo que terá até cancelado alguns pontos da agenda da diocese.

Ao assumir uma filha, o padre Giselo quebrou o voto de celibato e sabe das consequências que isso traz consigo mas, neste domingo, sentiu o apoio dos fiéis, em mais uma missa celebrada na freguesia do Monte.

O padre José Luís Rodrigues é uma das vozes que sai em defesa de Giselo Andrade. Num curto texto, com alusões ao “Crime do Padre Amaro”, José Luís Rodrigues lembra que “parece que passamos a viver numa sociedade tão perfeita que deixou de haver traição, adultério, infidelidade, filhos fora do casamento”. Uma sociedade, diz José Rodrigues, onde “tudo é tão impecável, tudo tão honesto, tudo tão bonitinho, tudo tão fiel, tudo tão feliz”.

A diocese do Funchal assume, por estes dias, uma posição de cautela pelos acontecimentos complicados que marcaram a região nos últimos tempos. Recorde-se que em agosto, também no Monte, a queda de uma árvore sobre a multidão que esperava pela procissão fez 13 mortos e perto de 50 feridos. A situação gerou alguma crispação entre a diocese e a Câmara do Funchal sobre quem seria o real proprietário dos terrenos onde a árvore estava plantada.

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