Durante o debate do Estado da Nação, ‘Os Verdes’ anunciaram nesta sexta-feira uma moção de censura, enquanto António José Seguro, secretário-geral do PS, abriu a porta ao diálogo com o Governo de Passos Coelho. O PS exige que se cumpram três requisitos propostos pelo Presidente da República, Cavaco Silva. Outro pressuposto é que nenhum partido com assento parlamentar fique “excluído à partida” desse diálogo.
O secretário-geral do PS mudou o discurso e abriu porta ao diálogo, em nome do “interesse nacional”, aceitando evitar a queda do Governo, nesta altura, ao contrário do que pretendem ‘Os Verdes’, que vão apresentar uma nova moção de censura.
Durante o debate do Estado da Nação, que decorreu nesta sexta-feira na Assembleia da República, António José Seguro impôs, em primeiro lugar, que todos os partidos com assento parlamentar sejam ouvidos.
Depois, o secretário-geral socialista elencou três pressupostos: “realização de eleições antecipadas em 2014”, apresentação de “contributos para que o programa de ajustamento seja concluído com êxito e haja regresso a mercados” e a “criação de uma trajetória sustentada em matéria de contas públicas, com particular incidência na dívida”.
“São estes três termos e não os que o senhor primeiro-ministro quererá introduzir que são a base deste processo. O Partido Socialista reafirma aqui a sua disponibilidade para defender o interesse nacional”, defendeu Seguro.
Esta declaração acaba por ser um dado novo, já que o PS se mostrara irredutível no pedido de eleições antecipadas. Apesar de mostrar uma janela de cedência, Seguro vinca a sua ideia, neste novo cenário político aberto por Cavaco Silva.
“Nenhum diálogo político faz mudar aquela que é a posição do Partido Socialista, que é: da nossa parte não contará com nenhum frete, ou que sejamos muleta de um Governo que não reconhecemos que tenha condições para continuar a governar”, disse António José Seguro.
O responsável socialista considera ainda que Passos Coelho tem culpas que não pode esquecer. “O facto de estarmos disponíveis para encontrar um processo de diálogo não pode apagar da memória estes dois anos”, ameaçou Seguro, que não admite que algum partido com assento parlamentar seja “excluído à partida” desse diálogo.
Seguro lembrou ainda que “o país poderia ter sido poupado a esta irresponsabilidade política”, considerando também que “este Governo passou a ser o maior fator de desestabilização do nosso país”.
“A austeridade falhou. Já reconheceu o ex-ministro das Finanças. Já reconheceu o parceiro de coligação, já reconheceu o FMI. Só não percebeu o primeiro-ministro”, acusou António José Seguro.
Moção de censura de ‘Os Verdes’
Também durante o debate do Estado da Nação, o Partido Ecologista ‘Os Verdes’ anunciou, pela voz de Heloísa Apolónia, que irá apresentar uma moção de censura ao Governo. É previsível um voto contra dos partidos da maioria, CDS e PSD, bem como a abstenção do PS.
António José Seguro já fez saber que não fecha a porta a este diálogo, pelo que o voto favorável a uma moção de censura que defenda a queda do Governo seria incongruente. E levaria o Presidente da República a avançar com o ‘plano b’, dentro do quadro constitucional, que Cavaco Silva tem preparado.