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Os “portugueses ressabiados”, diz o Jornal de Angola, não votam pela independência

No dia em que o país celebra a independência, o Jornal de Angola não poupou nos alvos. O editorial atacou os “portugueses ressabiados”, a “intolerância política” da UNITA, os “racistas de Pretória” e os “conspiradores” de várias “capitais do mundo”.

Não é a primeira vez (nem será a última) que o Jornal de Angola (JA) ataca Portugal, em editorial. Desta feita, ocorre no dia em que a antiga colónia celebra a independência.

Mas os portugueses “ressabiados” não são os únicos visados: no mesmo editorial é apontado o dedo ao principal partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), por defender a “terceira independência”, sobrando ainda críticas aos “racistas de Pretória” e aos “conspiradores” de várias “capitais do mundo”, como “Washington, Paris, Londres e Bruxelas”.

A UNITA é o principal alvo. No editorial, intitulado “Forças contra a democracia”, o JA recordou as palavras do presidente do partido, Isaías Samakuva, que num discurso em Lisboa defendeu a necessidade de uma “terceira independência”, alegando que Angola está sob o domínio do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

“Ameaçar com a ‘terceira independência’ é insultar os milhões de angolanos que votaram em todos os atos eleitorais, de 1992 a 2012”, salientou o editorial: “Não há pior intolerância política do que ignorar as ideias, os valores, os sentimentos e as opções ideológicas ou religiosas dos outros”.

Para o JA, Isaías Samakuva quer “empurrar angolanos menos informados para um retrocesso civilizacional”, algo que o periódico recusa, evocando o momento histórico de quando a “legião estrangeira constituída por tropas da África do Sul e mercenários, quase todos portugueses, foi derrotada no Ebo”.

Também recordada foi a batalha de Kifangondo, onde “as tropas de Mobutu e as matilhas de mercenários de várias nacionalidades, capitaneadas pelo coronel ‘comando’ (português) Santos e Castro, foram derrotadas sem apelo nem agravo”.

“Ninguém pode arrancar estas páginas da História com a desculpa da ‘reconciliação nacional’”, avisou o editorial.

“Angola é independente desde 11 de novembro de 1975. E o povo angolano tem consentido sacrifícios sem nome para preservar essa vitória. Muitos deram a vida para que a Pátria fosse livre. Muitos mais morreram pela sua defesa ao longo dos anos, até 2002”, o ano em que terminou a guerra civil, continuou o texto.

O jornal, de propriedade estatal, explicou ainda que “intolerância política é desrespeitar a figura do chefe de Estado”, José Eduardo dos Santos, o líder do MPLA que é Presidente de Angola desde 1979, e “acusar o partido que venceu as eleições de fraude”.

“É uma intolerância tão cega que há muito devia ter merecido uma resposta definitiva e exemplar”, continuou o editorial, acrescentando então os novos alvos: “Porque os votos que entraram nas urnas são dos angolanos, não dos racistas de Pretória, dos portugueses ressabiados, dos conspiradores de Washington, Paris, Londres, Bruxelas e outras capitais do mundo”.

“Intolerância política é perder as eleições e agir como se as tivessem ganho”, concluiu o JA, resumindo toda a tese a um curto argumento: “Quem quer a ‘terceira independência’ é contra a democracia”.

Foi a 11 de novembro de 1975 que António Agostinho Neto foi proclamado o primeiro Presidente de Angola.

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