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“Os portugueses estão à frente” na luta contra a Covid-19, escreve imprensa francesa

Um artigo do France Inter desvenda o “mistério português”: os bons resultados de Portugal, no combate ao covid-19, sobretudo em comparação com Espanha. “Menos austeridade, menos cortes na saúde pública, um país melhor preparado”, escreve o periódico francês.

A forma como Portugal tem resistido a taxas alarmantes de mortalidade por covid-19, tais como as que se verificam em Espanha e em Itália, foi alvo de análise na imprensa francesa, num artigo que se propõe a desvendar este mistério.

“Há um mistério português: enquanto a Espanha está severamente confinada e o governo espanhol acaba de decretar a cessação de toda atividade económica não essencial, os portugueses estão confinados, os espaços públicos foram fechados, mas não há sanções. Quando questionado, o primeiro-ministro português, António Costa, respondeu: ‘Os portugueses são tão disciplinados que a repressão é inútil’”, começa por referir o texto publicado no France Inter.

Há razões geográficas, porque Portugal só faz fronteira com um país, o que leva a que tenha sido também “o único país europeu para o qual o encerramento antecipado das fronteiras foi eficaz”.

Mas haverá méritos culturais, de acordo com aquele jornal. “Muitas escolas foram encerradas, por falta de alunos, antes mesmo da diretiva do governo. O mesmo vale para algumas empresas, especialmente nas principais cidades do país, que anteciparam a ordem de encerramento”, antes de ser decretado o estado de emergência.

“Os portugueses estão, portanto, à frente…”, prossegue o texto.

E há motivos políticos, numa comparação com Espanha: “Primeiro, há uma continuidade do governo, da qual os espanhóis não podem tirar proveito. A atual coligação de esquerda está no poder em Lisboa desde 2015. A Espanha, em igual período, teve quatro eleições legislativas”.

Acresce que, sem crises locais como a da Catalunha e ao contrário de Espanha, “Portugal emergiu da austeridade muito antes e com sucesso”.

“Menos austeridade, menos cortes na saúde pública, um país melhor preparado”.

Por último, a “generosidade” portuguesa, por ter decidido “legalizar todos os migrantes que apresentaram uma autorização de residência e renovar automaticamente as autorizações de residência que expiraram”.

“Generosidade, mas também medida de saúde pública. Ao legalizar todos, o governo dá acesso a toda a população residente em Portugal ao Serviço Nacional de Saúde: todos protegem todos da covid-19”, conclui o autor.

De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, no mais recente boletim epidemiológico, Portugal regista 140 mortes associadas à covid-19, mais 21 do que no domingo, e 6408 infetados (mais 446).

Espanha registou, nas últimas 24 horas, 812 vítimas mortais, uma ligeira redução do número de vítimas num só dia, mas um balanço total preocupante: 7340 mortos, segundo a última atualização das autoridades sanitárias.

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