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“Os mercados não esperam”, pelo que a Alemanha precisa de passar às “ações no imediato”

cavaco_silvaO Presidente da República recebeu uma delegação de deputados alemães e exigiu maior solidariedade europeia para quem cumpre “rigorosamente” o memorando de entendimento. Cavaco alerta a Alemanha que urge “fazer tudo o que for necessário para defender o euro”.

O Presidente da República, Cavaco Silva, recebeu um grupo de 41 deputados alemães, todos do partido da chanceler Angela Merkel, a União Social Cristã (CSU). Numa altura em que o desvio das contas vai obrigar o Governo a renegociar com a troika o programa de resgaste, o chefe de Estado recordou a solidariedade portuguesa para com a reunificação alemã para exigir que a principal potência europeia passe às “ações no imediato”.

“Como se costuma dizer, os mercados não esperam. Não basta fazer boas declarações. São precisas também ações concretas”, afirmou Cavaco Silva, elogiando uma ação recente saída da última reunião do eurogrupo, “a aprovação do pacto de crescimento e emprego e, em particular, o reforço dos meios à disposição do Banco Europeu de Investimento e também a reafetação de fundos comunitários”

A presença dos parlamentares da CSU ocorre no dia em que a Assembleia da República inicia o debate do “Estado da Nação” e com os médicos em greve, para além de outros temas que agitam a opinião pública, como a reorganização autárquica ou a licenciatura do ministro Miguel Relvas. Nada que prejudique a imagem de Portugal no exterior, onde se admira o “elevadíssimo sentido de responsabilidade” dos portugueses, como lembrou o Presidente.

“Portugal está a cumprir rigorosamente os compromissos que assumiu no quadro do Programa de Assistência Económica e Financeira negociado com as instituições internacionais. A tradição portuguesa sempre foi e continua a ser de cumprir rigorosamente os compromissos internacionalmente assumidos”, reforçou.

Lembrando o “amplo consenso político” na aplicação do memorando, que estendeu ao ponto de “consenso social entre o Governo, as organizações patronais e organizações sindicais”, Cavaco Silva exigiu que a Alemanha apoie mais quem segue “o caminho certo” da austeridade.

“Os líderes europeus não podem deixar a mínima dúvida aos mercados de que estão preparados para fazer tudo o que for necessário para defender o euro, um pilar decisivo da União Europeia”, sublinhou o magistrado, lembrando que o tempo é “escasso” e ainda sobra “muito por fazer”, em toda a União Europeia: “é muito importante conhecer um rumo de médio e longo prazo para a construção europeia, mas são necessárias também ações no imediato para ganhar a confiança e a estabilidade dos mercados e dos cidadãos europeus”.

Aos deputados alemães, o Presidente da República recordou que “Portugal não esquece o apoio da Alemanha para a consolidação da democracia, tal como não esquecemos o apoio da Alemanha no processo de integração de Portugal nas comunidades europeias”, mas frisou que “Portugal esteve na primeira linha do apoio a esse momento inesquecível da história da Europa que foi a reunificação alemã”.

“Faço votos para que a cooperação entre Portugal e a Alemanha defenda firmemente o projeto europeu, que garantiu mais de 50 anos de paz e prosperidade na Europa e que, estamos convencidos, continua a ser a resposta certa para enfrentar os desafios do presente e aqueles que nos podem ser colocados no futuro”, complementou.

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