Os pilotos que transformavam os aviões num “vento divino”, não hesitando em sacrificar a vida como uma arma, foram ontem homenageados por centenas de japoneses. A memória dos ‘kamikazes’ foi evocadas a poucos meses do Japão assinalar o aniversário do fim da II Guerra Mundial.
Em 1945, entre março e julho, centenas de pilotos japoneses partiam de Chiran, na ilha de Kyushi, dispostos a dar a vida pelo país. Eram os ‘kamikazes’, ou o “vento divino”, uma vez que voavam para cumprir ordens divinas (do imperador) em nome do Japão.
Ontem, centenas de pessoas juntaram-se na mesma localidade para honrar os últimos 439 pilotos que deixaram Kyushi dispostos a, se preciso fosse, ‘atirar’ o próprio avião contra o alvo definido, num ato heróico de suicídio.
De acordo com a emissora pública NHK, centenas de familiares dos antigos ‘kamikazes’ juntaram-se na antiga base militar para lembrar a memória dos cerca de 4000 pilotos que aceitaram cumprir as missões suicidas.
O irmão de um antigo ‘kamikaze’ serviu de porta-voz do grupo, pronunciando uma oração: “Juramos trabalhar pela paz sem esquecer dos duros sacrifícios dos jovens desaparecidos em missões suicidas”.
Os familiares, ignorando a insistente chuva, depositaram crisântemos brancos diante de um monumento budista.
De referir que o “vento divino” que deu origem à palavra ‘kamikaze’ é uma referência aos tufões da região, que no século XIII ‘ajudaram’ a destruir as frotas mongóis que se preparavam para as invasões.