Os dez anos na Comissão Europeia deixaram Durão Barroso “orgulhoso”. Na hora da saída, o político evocou o aumento de competências, antes “impensáveis”, e a entrada de novos membros numa União que atravessou os “tempos mais difíceis da história”.
A horas de deixar a Comissão Europeia (CE) com um pensão de 11 mil euros mensais, José Manuel Durão Barroso fez um balanço “orgulhoso” dos dez anos de serviço na presidência do organismo.
“O anterior comissário responsável pelas Relações Externas, Chris Patten, descreveu a missão do presidente da Comissão Europeia como ‘a função mais difícil de desempenhar em todo o mundo ocidental’. Após 10 anos no posto, acho que posso concordar com esta afirmação”, resumiu o ainda presidente da CE (o fim oficial do cargo ocorre no sábado).
E o que torna o cargo assim tão “difícil”? “Foram sem dúvida os tempos mais difíceis da integração europeia”, argumentou Durão Barroso.
Ao longo destes anos, não faltaram crises para a Europa enfrentar: algumas das quais, como a austeridade, ainda por resolver.
Para o ex-primeiro-ministro português, a primeira crise foi institucional, quando alguns estados recusaram ratificar o Tratado Constitucional. Logo de seguida, chegou a financeira, com as dívidas soberanas a comprometerem seriamente o projeto da moeda única.
Graças à “extraordinária resiliência da União Europeia”, os ‘chumbos’ da Holanda e da França ao Tratado Constitucional, para os quais “muita gente achava difícil uma solução”, foram “bem” resolvidos com o Tratado de Lisboa.
Depois de “investir mais tempo e energia” na resolução da crise financeira, a CE entende que “pode considerar-se resolvida no que diz respeito à estabilidade financeira”.
Apesar dos resultados não terem permitido a esperara reforma económica, permitiram evitar “uma desintegração do euro ou mesmo a implosão da União Europeia”, considerou Durão Barroso.
Já com o segundo mandato a chegar ao fim, a Crimeia separou-se da Ucrânia. O conflito com a Rússia que se seguiu foi mesmo “uma das mais graves crises” de política externa e segurança desde a “guerra fria”.
O objetivo tem sido “evitar que o conflito se alastrasse e se tornasse uma guerra aberta”, algo que traria “consequências dramáticas também para a Europa no conjunto”.
Porém, os sucessos nas negociações dos orçamentos e de dois quadros financeiros plurianuais (2007/2013 e 2014/2020) e a quase duplicação de membros da União Europeia (de 15 para 28) deixam o presidente da CE “orgulhoso” desta que é, afirmou “uma união de democracia”.
Com a nova moldura institucional, foram conferidas “mais coordenação e mais competências à Comissão Europeia”, antes consideradas “impensáveis”, acrescentou ainda Durão Barroso.
“Foram sem dúvida os tempos mais difíceis da integração europeia”, concluiu Durão Barroso, citando como reconhecimento máximo do trabalho efetuado pela CE a entrega do prémio Nobel da Paz, em 2012, à União Europeia.