O deputado opositor venezuelano, Júlio Borges, pediu hoje aos países que reconhecem Juan Guaidó, como presidente interino do país, que repliquem a decisão do El Salvador de expulsar do país os diplomatas que representam o Governo de Nicolás Maduro.
“Apoiamos a medida tomada pelo governo de El Salvador para expulsar os representantes do regime e pedimos que seja replicada por todos os países que reconhecem a Assembleia Nacional [parlamento] e o presidente Juan Guaidó”, escreveu na sua conta do Twitter.
Júlio Borges, que foi designado responsável para as Relações Exteriores pelo presidente do parlamento, Juan Guaidó, sublinhou ainda que deve manter-se a pressão contra o regime venezuelano.
“O caminho da pressão deve continuar”, sublinhou na mesma mensagem, o também ex-presidente do parlamento (onde a oposição detém a maioria) e representante da oposição perante o Grupo de Lima, atualmente radicado no estrangeiro.
Entretanto, o presidente do parlamento, Juan Guaidó, usou também a rede social Twitter para gradecer a El Salvador pela decisão tomada.
“El Salvador respaldou a causa venezuelana e isola mais o regime de Maduro. Faz parte da pressão internacional que tem de nos encontrar nas ruas. Obrigado presidente Najib Bukele pelo seu apoio à presidência interina e à luta de todos os venezuelanos”, afirmou.
O Governo de El Salvador ordenou no sábado a expulsão dos diplomatas nomeados pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e reconheceu o líder da oposição, Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela.
“O Governo de El Salvador expulsa o corpo diplomático do regime de Nicolás Maduro, em consonância com as repetidas declarações do Presidente Nayib Bukele, que não reconhece a legitimidade do Governo de Maduro”, lê-se num comunicado publicado na conta oficial de Bukele no Twitter.
O corpo diplomático venezuelano tem 48 horas para deixar El Salvador, de acordo com a mesma nota.
O Governo salvadorenho também “reconhece a legitimidade do Presidente interino, Juan Guaidó, até que sejam realizadas eleições livres de acordo com a Constituição venezuelana”.
Em resposta, Caracas ordenou hoje a expulsão do corpo diplomático de El Salvador acreditado na Venezuela, alegando o “princípio da reciprocidade”.
“No âmbito do princípio da reciprocidade, a Venezuela expulsa o corpo diplomático de El Salvador em Caracas. [Nayib] Bukele assume oficialmente o triste papel de peão da política externa dos EUA, ao dar oxigénio à sua estratégia de agressão contra o povo venezuelano”, afirma o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, na rede Twitter.
Arreaza partilhou ainda na sua conta Twitter um comunicado no qual se declara como “‘personas non gratas’ os membros do corpo diplomático” de El Salvador em Caracas, a quem é dado um prazo de 48 horas para abandonar a Venezuela.
A crise política, económica e social, na Venezuela agravou-se desde janeiro último, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino da Venezuela, até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, formar um governo de transição e convocar eleições livres e transparentes no país.
Nos últimos cinco anos, segundo diversas fontes, pelo menos 4,5 milhões de venezuelanos abandoaram o seu país escapando da crise.
Várias organizações de atenção a migrantes estimam que até finais de 2020 outros 1,5 milhões de venezuelanos vão abandonar o país.