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Oposição armada do Sudão do Sul rejeita ‘imposição’ de paz

A oposição armada do Sudão do Sul rejeitou hoje qualquer “imposição” de acordo de paz e pediu mais tempo após o primeiro encontro entre o Presidente, Salva Kiir, e o seu rival, Riek Machar, em quase dois anos.

Um comunicado da oposição classificou na quarta-feira o encontro como “cordial” e indicou que as duas partes debateram as perspetivas de paz “em termos gerais”, mas alertou de que o atual modelo do processo de paz é “irrealista” e de que “não há atalhos para a paz”.

Kiir e Machar reuniram-se na vizinha Etiópia, cujo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, os convidou e presidiu às conversações.

Imagens divulgadas mostraram os dois rivais a serem instados por Abiy a darem um abraço, o que fazem com um ar desconfortável.

A guerra civil no Sudão do Sul, que dura há cinco anos, prossegue ainda, apesar de múltiplas tentativas de acordar a paz.

Dezenas de milhares de pessoas morreram e milhões fugiram, criando a maior crise de refugiados do continente africano desde o genocídio no Ruanda, em 1994.

Milhões de pessoas que permaneceram no país estão à beira da fome, enquanto as partes em conflito têm sido acusadas de obstruir ou atrasar a entrega de ajuda humanitária desesperadamente necessária.

O Presidente do Sudão do Sul tinha agendadas para hoje reuniões com outros chefes de Estado e de Governo da região, para continuar as discussões sobre a guerra civil.

O bloco regional da África Oriental, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), organizou várias rondas de negociações que fracassaram.

O porta-voz da oposição, Mabior Garang, que divulgou o comunicado de hoje, disse à agência norte-americana Associated Press (AP) que um acordo, agora, “não é provável” e que “não seria um verdadeiro acordo”.

Dentro do Sudão do Sul, civis cansados que assistiram aos últimos desenvolvimentos instaram Kiir, Machar e respetivos apoiantes a porem o destino do país primeiro.

“O povo do Sudão do Sul quer paz agora e precisa de que os líderes sacrifiquem as suas ambições pessoais em prol do país”, disse à AP Wol Deng Atak, diretor de um jornal obrigado a fechar pelo Governo.

Ambas as partes em conflito têm sido acusadas de abusos generalizados, como violações coletivas de civis, inclusive da mesma etnia, e alguns responsáveis governamentais sul-sudaneses foram acusados por grupos de direitos humanos de lucrar com o conflito e bloquear o caminho para a paz.

No início deste mês, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução proposta pelos Estados Unidos que ameaça impor um embargo de armas ao Sudão do Sul e sanções a seis pessoas, entre as quais o responsável da Defesa do país, se os combates não cessarem e não for alcançado um acordo político.

A resolução pede ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, para apresentar a 30 de junho ao Conselho de Segurança os desenvolvimentos sobre a situação no país.

O bloco regional IGAD também ameaçou impor “medidas punitivas” contra os violadores do cessar-fogo falhado de dezembro no Sudão do Sul, embora essas sanções precisassem da aprovação dos chefes de Estado e de Governo do bloco.

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