Ana Gomes repetiu que não pensa na candidatura à Presidência da República, mas admitiu a preocupação por ver que o mais forte opositor de Marcelo é o “arrivista” André Ventura.
Numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, a antiga eurodeputada foi questionada sobre a eventual candidatura depois de antecipar que Marcelo Rebelo de Sousa iria tentar o segundo mandato e… consegui-lo.
“Estou farta de dizer que não penso candidatar-me. Vocês é que andam para aí a especular. Vocês, jornalistas”, começou por reagir.
Confrontada então com a vaga de fundo que tem crescido, com vários estudos a colocarem a socialista como a mais forte concorrente de esquerda a Marcelo, Ana Gomes mostrou-se mais evasiva.
“Eu sei muito bem onde estou, na minha pele, com toda a liberdade que hoje tenho, só limitada pela minha própria consciência. Naturalmente que me sinto lisonjeada e agradeço a todas as pessoas que têm expressado esse apoio porque que se reveem nas posições que eu expresso. Mas o meu papel é precisamente falar desses temas, que são importantes e deviam estar na agenda diária, em vez estar a falar de coisas que a seu tempo trataremos. A questão das eleições presidenciais é daqui a quase um ano”, argumentou.
Ana Gomes recusou ‘fechar a porta’ a essa candidatura a Belém, mas também não a deixou “aberta”.
“Não estou aí. Estou a fazer o meu trabalho”, justificou-se: “O importante é discutir o que tem de ser discutido hoje e não o que se vai passar daqui a uns meses”.
A ativista contra a corrupção foi insistindo que não é candidata, mas salientou que se encontra “muito preocupada por ver que a oposição ao professor Marcelo vá ficar nas mãos de um indivíduo oportunista, arrivista, sem escrúpulos, como André Ventura”.
“A única coisa boa foi que ele se declarou candidato à ‘previdência’, não foi? É tão ‘buçal’ com ‘u’, como ele escreve nos livros dele, que eu também deixo à psicanálise”, reforçou.
Cabe ao PS impedir que Belém seja disputada por duas figuras da direita, mas para tal é preciso que apresente uma candidatura oficial.
“Não concordo com a tese construída, abstrusamente, suponho, no tempo de Sócrates de que o PS não tem de ter candidato às presidenciais. O resultado dessa tese foi pôr lá o professor Cavaco Silva e depois o professor Marcelo Rebelo de Sousa”, sustentou.
“O que eu não aceito é que o PS, não tendo posição, se preste a pôr-se a jeito para favorecer aquilo que inevitavelmente o professor Marcelo Rebelo de Sousa num segundo mandato quererá: favorecer o ‘centrão’, um entendimento do bloco central. É por causa do ‘centrão’ que nós estamos no esquema de corrupção em que hoje estamos. Não é de agora e é herdado desses tempos do centrão e tem tudo que ver com o seu funcionamento e mesmo quando o centrão não está no poder, está por trás, nas organizações subterrâneas”, concluiu Ana Gomes.
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