Operação Marquês: Como Sócrates e Salgado movimentavam o dinheiro das contas na Suíça
O despacho de acusação da Operação Marquês revela os contornos do esquema que, no entender do Ministério Público (MP), permitiram a José Sócrates e Ricardo Salgado obter “vantagens” financeiras durante quase uma década, graças à movimentação de dinheiro através de contas na Suíça.
Entre 2006 e 2015, acusa o MP, José Sócrates foi o principal pivô de uma rede de troca de favores e muito dinheiro, com benefícios ilícitos para duas empresas: o Grupo LENA, que depois pagava luvas ao ex-primeiro-ministro através do amigo Carlos Santos Silva, e o grupo Portugal Telecom, através de contas associados ao universo do Grupo Espírito Santo, de Ricardo Salgado.
“A troco desses benefícios e em representação do Grupo LENA, o arguido Joaquim Barroca aceitou efetuar pagamentos, em primeiro lugar para a esfera de Carlos Santos Silva mas que eram destinados a José Sócrates”, refere o despacho, divulgado pela Procuradoria-Geral da República.
Sobre o envolvimento de Ricardo Salgado, o MP cita “pagamentos determinados pelo arguido, com a mobilização de quantias oriundas de entidades em offshore que pertenciam ao Grupo Espírito Santo”.
“Tais pagamentos estavam relacionados com intervenções de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, em favor da estratégia definida por Ricardo Salgado para o grupo Portugal Telecom, do qual o BES era acionista”, consta também no despacho.
De acordo com as contas feitas durante o inquérito, o dinheiro proveniente dos grupos “LENA, Espírito Santo e Vale de Lobo” permitiram acumular em contas na Suíça, “entre 2006 e 2009, um montante superior a 24 milhões de euros”.
Coube depois a Carlos Santos Silva “transferir o dinheiro para Portugal, através de uma pretensa adesão ao RERT II, visando a sua posterior colocação em contas por si tituladas mas para utilizações no interesse de José Sócrates”, concluiu o MP.