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ONU e organizações regionais reúnem-se na capital para debater “paz duradoura” na RCA

Representantes de várias organizações reúnem-se até quinta-feira na capital da República Centro-Africana (RCA), Bangui, para relançar os esforços da comunidade internacional no sentido de alcançar uma “paz duradoura” no país.

Uma delegação de alto nível encabeçada pelo subsecretário-geral para as Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix, e pelo comissário da União Africana (UA) para a Paz e Segurança, Smail Chergui, chegou ao país na terça-feira.

A comitiva, que também conta com o representante do secretário-geral da Comunidade Económica de Estados da África Central (CEEAC), Adolphe Nahayo, integra ainda ministros dos Negócios Estrangeiros dos países daquela sub-região africana.

A delegação tem agendadas reuniões com o Presidente da RCA, Faustin Archange Touadéra, bem como com o presidente da Assembleia Nacional, membros do Governo, personalidades do panorama político centro-africano e parceiros internacionais.

2019 “deve ser o ano do diálogo, deve ser o ano do apaziguamento, deve ser o ano da reconciliação”, defende Jean-Pierre Lacroix, que sublinha a determinação das Nações Unidas em “trabalhar e não poupar esforços nesse sentido”.

O representante crê num “processo inclusivo que não deixará ninguém para trás” e que espera “trazer a paz” à RCA.

A delegação de alto nível visita a RCA mais de três meses depois da reunião sobre o país na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, copresidida por Touadéra, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo do presidente Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA, comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que já classificou as forças portuguesas como os seus ‘Ronaldos’.

Portugal tem 209 militares empenhados em missões na RCA, dos quais 159 na MINUSCA – uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação -, e 50 na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).

A importância da participação portuguesa é ainda salientada pelo facto de o 2.º comandante da MINUSCA ser o general Marco Serronha e o comandante da EUMT-RCA ser outro oficial general português, o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

O Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, OCHA, anunciou esta semana que estima serem necessários 430,7 milhões de dólares (375,2 milhões de euros) para assistência humanitária imediata e urgente no país.

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