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ONU alerta que cerca de 3,6 milhões correm risco de fome no Afeganistão

Cerca de 3,6 milhões de pessoas estão em risco de fome no Afeganistão por causa da pior seca que existiu na última geração, para além do conflito armado que assola o país, alertou hoje a ONU.

“Estamos não só perante uma situação de pobreza abjeta e de conflito, como também assistimos a uma grande seca”, disse numa ronda de imprensa o coordenador da ONU para a assistência humanitária no Afeganistão, Toby Lanzer.

Nos últimos meses, a seca levou mais gente a deslocar-se do que a guerra, estimando-se a 250 000 as pessoas que abandonaram as suas habitações porque não tinham nada para comer.

Toby Lanzer considerou pouco provável que este número aumente, simplesmente porque o inverno se aproxima e que as pessoas não têm onde alojar-se, problema que já é enfrentado pelos que estão atualmente em deslocamento.

“Para as comunidades que ficaram nas suas localidades, o que vamos tentar este mês e em dezembro é fazer chegar muitas sementes, ferramentas e assistência alimentar, particularmente no norte e oeste do país, para que os habitantes possam atravessar o inverno e plantar”, explicou.

A ONU vai celebrar, na próxima semana, em Genebra, uma conferência ministerial que pretende mostrar solidariedade com o povo afegão e oferecer apoio aos esforços de reforma e desenvolvimento que o governo tem feito.

O Presidente afegão Ashraf Ghani também vai estar presente na reunião, com alguns membros do seu gabinete ministerial.

O coordenador da ONU recordou também que, ainda que o Afeganistão esteja fora dos radares mediáticos quando não se trata de atentados, o conflito neste país fez mais vítimas do que no Iémen, e a insegurança alimentar é mais aguda que no Sudão do Sul, dois países que sofrem também de guerras e situações de fome.

Ainda assim, Toby Lanzer assinalou que, apesar da crise humanitária e do pico de violência que se observa, e mesmo que pareça paradoxal, “são mais as oportunidades de paz no Afeganistão atualmente do que em vários anos”.

Explicou que essa esperança baseia-se no anúncio que o Governo Afegão fez no passado mês de fevereiro, sobre a sua disponibilidade em iniciar negociações de paz sem condições.

“Por ele, não se trata apenas de acompanhar um povo que está a sofrer extremamente, mas de acompanhar um povo que tem a possibilidade de estar em melhores condições, num futuro não muito longínquo”, comentou o representante da ONU.

A ONU atendeu este ano às necessidades básicas de 2,1 milhões de afegãos, mas a sua meta é chegar aos 2,5 milhões em meados de dezembro.

Os talibãs confirmaram o envio, na semana passada, de uma delegação ao Qatar para reunir-se com representantes dos Estados Unidos e abordar a possibilidade de uma saída negociada do conflito.

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