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OMS alerta para ameaças à resposta humanitária à epidemia de Ébola na RDCongo

A resposta humanitária urgente à epidemia de Ébola na República Democrática do Congo (RDCongo) está em causa devido aos confrontos, alertou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS), que já suspendeu as suas atividades em Beni.

“Nós estamos muito preocupados com a segurança do nosso pessoal”, declarou o diretor-geral adjunto da OMS, Peter Salama, referindo a necessidade de uma resposta urgente e manifestando-se perturbado com a exploração da epidemia pelos candidatos às eleições de dezembro.

As autoridades sanitárias da RDCongo confirmaram hoje um segundo caso de Ébola na localidade de Tchomia (noroeste), a uns 100 quilómetros da fronteira com o Uganda, no âmbito de um novo surto da doença que já terá causado cerca de uma centena de mortes.

O primeiro caso detetado nesta zona, perto da fronteira do lago Alberta, é o de um paciente que faleceu na semana passada depois de ter sido contagiado durante um funeral realizado em Beni, uma das principais cidades da província de Kivu do Norte.

Este novo paciente tinha sido colocado em isolamento num centro hospitalar, segundo indicou num comunicado o Ministério da Saúde, que mandou esta sexta-feira equipas de acompanhamento para Tchomia, localidade próxima da fronteira com o Uganda.

O ministro da Saúde ugandês, Charles Olaro, referiu no fim de semana que este era o primeiro caso registado junto à fronteira e lembrou que há muito movimento de pessoas entre os dois países através do lago Alberta, uma das principais vias de entrada de refugiados neste país, pelo que considerou haver um “elevado risco de expansão da doença para o Uganda”.

O atual surto de Ébola, declarado nas províncias congolesas de Kivu do Norte e Ituri, já terá provocado cerca de 100 mortes, das quais 69 foram confirmadas em laboratório, e 150 casos (119 confirmados e 31 prováveis).

O vírus transmite-se através do contacto direto com o sangue e os fluidos corporais contaminados são tanto mais violentos quanto mais avançado está o processo, pelo que pode chegar a alcançar uma taxa de mortalidade de 90 por cento.

Além da doença, nesta área estão ativos mais de uma centena de grupos armados, sendo uma das regiões mais conflituosas do país.

Desde este sábado, na cidade de Beni, um dos núcleos da epidemia, com 33 casos e 24 mortes prováveis, tem havido confrontos entre os rebeldes ugandeses e a Frente Democrática Aliada (ADF) e o Exército.

Estes confrontos obrigaram à suspensão de algumas medidas das autoridades sanitárias, assim como de organismos humanitárias no terreno como o Conselho Norueguês para os Refugiados.

Contudo, o Ministério de Saúde continua a prestar atendimento de urgência gratuito e tratamento para os doentes de Ébola em Beni, e segue com a vacinação e apoio psicológico às famílias das vítimas, segundo explicou na segunda-feira o ministro de Saneamento, Oly Ilunga.

A pior epidemia de Ébola conhecida no mundo foi declarada em março de 2014, com os primeiros casos a remontarem a dezembro de 2013, na Guiné-Conacri, de onde se expandiu à Serra Leoa e Libéria.

A OMS decretou o fim desta epidemia em janeiro de 2016, depois de se terem registado 11.300 mortes e mais de 28.500 casos de infeção, sendo que a agência da ONU admitiu que estes números podiam ser conservadores.

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