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OCDE prevê menos crescimento em Portugal e défice mais elevado em 2019

A OCDE está menos otimista que o Governo quanto ao crescimento económico e ao défice deste ano, tendo revisto em baixa a estimativa para o PIB para 1,8 por cento e agravado a previsão do défice para 0,5 por cento.

No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje (‘Economic Outlook’), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que a economia portuguesa cresça 1,8 por cento este ano, abaixo dos 2,1 por cento que antecipava em novembro e uma décima abaixo da estimativa de 1,9 por cento do Governo.

Já para 2020, a OCDE antecipa uma expansão de 1,9 por cento, o mesmo que antecipava em novembro.

“Prevê-se que o crescimento económico permaneça estável, em 1,8 por cento e 1,9 por cento em 2019 e 2020”, indica o relatório da OCDE, que antecipa que “o consumo privado vai continuar a aumentar em resposta ao crescimento persistente do emprego e, mais recentemente, aos aumentos salariais”.

Para a taxa de desemprego, a OCDE antecipa que se fixe nos 6,3 por cento este ano, face aos 6,4 por cento estimados em novembro e abaixo da previsão de 6,6 por cento do Governo, descendo depois para 5,9 por cento em 2020, também abaixo dos 6,3 por cento antecipados pelo executivo.

A OCDE antevê ainda que “o crescimento do investimento empresarial deve permanecer robusto”, enquanto “o crescimento das exportações diminuirá no âmbito do enfraquecimento da atividade económica nos principais parceiros comerciais de Portugal”.

A entidade indica que a redução prevista do crescimento económico em mercados que são destino das exportações portuguesas, como Espanha, Alemanha e Reino Unido, constituirá um “obstáculo ao crescimento das exportações”.

Segundo o relatório, a política orçamental deverá apoiar o crescimento económico em 2019 e 2020.

“Os profundos cortes temporários nos salários do setor público no auge da crise foram revertidos, o emprego público está a voltar a crescer e novas mudanças nas políticas tributárias e de benefícios deverão suportar o aumento do rendimento disponível”, indica a OCDE, que adianta que o investimento será reforçado por uma maior absorção dos fundos da União Europeia nos próximos anos.

E a entidade recomenda que “revitalizar os projetos de investimento público com elevados retornos económicos é fundamental, face ao rápido envelhecimento da população e ao lento crescimento da produtividade”.

Para o défice, a OCDE antecipa agora que se fixe nos 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, o mesmo valor registado em 2018 e uma previsão que compara com o défice de 0,2 por cento que a organização previa em novembro, a mesma que o Governo antecipa para 2019.

Para 2020, a OCDE espera agora um défice de 0,2 por cento do PIB quando em novembro antecipava um excedente orçamental de 0,1 por cento. Já o executivo espera um excedente de 0,3 por cento no próximo ano.

A organização indica que os riscos para Portugal incluem um aperto nas condições financeiras e adverte que, em particular, um aumento nas taxas de juro nos mercados pode afetar os gastos das empresas e famílias e conduzir a um aumento do ‘stock’ de crédito malparado nos balanços dos bancos.

Do lado positivo, a OCDE indica que novas melhorias na competitividade das exportações portuguesas podem resultar em maiores ganhos na quota de mercado.

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