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Óbito/Mugabe: Ex-Presidente do Zimbabué foi hoje sepultado na sua herdade privada

O funeral do antigo chefe de Estado do Zimbabué Robert Mugabe realizou-se hoje na sua propriedade rural, com fortes medidas de segurança, com o caixão envolto na bandeira do país a ser transportado por militares.

“Este homem vive para sempre”, declarou o padre que conduziu as cerimónias fúnebres realizadas sem a presença da população, ao contrário do que é costume nos funerais africanos, que tradicionalmente são abertos a todos os que queiram homenagear os mortos.

O caixão de Mugabe, que morreu este mês aos 95 anos de idade, em Singapura, vítima de cancro, depois de liderar o país durante quase quatro décadas, desceu à terra embrulhado numa bandeira do Zimbabué, após ter sido levado em ombros por militares, vindo de uma tenda que mostrava uma foto sua com o punho erguido, o gesto tradicional de resistência, e um arranjo floral onde se lia “Pai”.

Alguns dos rivais políticos de Mugabe, incluindo figuras da oposição que eram frequentemente detidos, marcaram presença no funeral, enquanto outros aliados de longa data não compareceram, segundo a reportagem da agência de notícias AP, que nota que vários dirigentes do seu partido não estiveram presentes.

Só os convidados previamente aprovados tinham autorização para testemunhar a cerimónia.

“Esta cerimónia é um paradoxo”, disse o padre, explicando: “Estamos em luto ao mesmo tempo que estamos a celebrar porque este homem viveu a sua vida de uma maneira que muitos de nós gostaríamos de imitar”.

Momentos depois, ao lado do caixão, rezou: “Deus, tem piedade dele; não o julgues com demasiada severidade”.

O ex-Presidente da República do Zimbabué, Robert Mugabe, que morreu em 06 de setembro, foi sepultado em Zvimba, local de onde era natural, e não no monumento nacional como havia sido anunciado, revelou há dias o Governo zimbabueano.

“A família do falecido antigo Presidente R. G. [Robert Gabriel] Mugabe expressou o seu desejo em avançar com o seu enterro em Zvimba [província de Mashonaland Ocidental]. Em linha com a política do Governo em respeitar os desejos das famílias dos heróis nacionais, o Governo está a cooperar com a família Mugabe”, referia o comunicado divulgado então pelo Ministério da Informação do país.

“O Governo irá mobilizar todo o apoio necessário para conceder ao falecido antigo Presidente um enterro apropriado, liderado pela família”, acrescentava a nota.

A escolha do local da sepultura de Mugabe gerou controvérsia no país após um desacordo entre Governo e família, com os primeiros a proporem um enterro no monumento reservado aos heróis da nação, e os últimos a preferirem uma cerimónia privada, na terra natal do antigo chefe de Estado, defendendo que essa a sua vontade.

O Governo do atual Presidente, Emmerson Mnangagwa, defendia que Mugabe fosse sepultado num monumento localizado numa colina, projetado com o apoio de arquitetos da Coreia do Norte, construído em mármore e granito e com uma estátua de bronze de três guerrilheiros combatentes pela independência.

Mugabe esteve no poder durante 37 anos e é considerado por muitos como um herói nacional, apesar de décadas de governação que mergulharam o país em grandes dificuldades económicas e com relatos de abusos de poder e violações dos direitos humanos.

O corpo de Mugabe chegou a Harare no dia 11 de setembro, tendo sido recebido com honras militares por Emmerson Mnangagwa.

Milhares de pessoas esperavam a chegada do corpo do ex-Presidente. Na tribuna de honra, estava também a viúva, Grace Mugabe.

Após o afastamento do poder de Robert Mugabe, as relações do ex-Presidente e da sua família com o seu sucessor, Emmerson Mnangagwa, que qualificam como ‘traidor”, deterioraram-se.

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