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Obesidade: uma nova luz na investigação com um estudo sobre a luz artificial

chines gordoPode a luz artificial influir na obesidade? Um estudo da cronobióloga Cathy Wyse defende que o organismo reage à luz artificial, depois de milénios de habituação a um regime de dia/noite. Não há uma relação direta, mas a luz artificial altera o ritmo biológico.

É uma nova luz a indicar o caminho na investigação das causas da obesidade. Uma cronobióloga escocesa, Cathy Wyse, acredita que a luz artificial altera o ritmo biológico do organismo, desde há milénios habituado à luz do dia e à escuridão (ou luar) da noite. Não é uma relação direta e imediata, mas a alteração dos hábitos de vida dificulta a sincronização com o ritmo metabólico, o que poderá justificar a crescente epidemia de obesidade nos países mais industrializados.

“É evidente que os mecanismos por detrás da epidemia de obesidade são mais complexos do que a simples interação entre dieta e atividade física”, explicitou Wyse, no artigo publicado na revista Bioessays. Para já, as investigações incidiram em experiências com animais, cujos resultados demonstraram uma propensão para a obesidade mesmo sem aumentarem o consumo de calorias.

Há, contudo, que aferir a influência genética, até pelo historial da evolução humana. O ritmo biológico, há 200 mil anos, assentava numa divisão do dia em dois períodos iguais de 12 horas, uma vez que a humanidade se concentrava nos trópicos africanos. Com a crescente expansão, sobretudo para Norte, os hábitos foram mudando, possibilitando uma maior adaptabilidade. Esta teoria, a confirmar-se, justificaria o exemplo de certas comunidades serem mais propensos à obesidade, como os afro-americano, onde a doença afeta sete em cada dez adultos.

“Dois aspetos insuspeitos podem ter afetado a maior suscetibilidade para a obesidade: a migração de humanos para zonas com fotoperíodos diferentes daqueles que modelaram a evolução do seu ‘pacemaker circadiano’ e a dessincronização facilitada pela luz artificial”, argumentou Cathy Wyse.

A confirmar-se a influência da luz artificial, as implicações na sociedade poderão ser inimagináveis. “A recuperação da sintonia circadiana iria implicar a abolição do trabalho por turnos e a restrição ou mesmo eliminação da iluminação à noite”, exemplifica a cronobióloga.

Dados os resultados positivos nos ensaios com animais, a investigadora defende que urge dar início aos ensaios clínicos com humanos: “o sucesso destas intervenções iria apoiar uma associação causal. A ciência médica não tem por agora nenhuma outra abordagem eficaz e não invasiva para oferecer e a nossa população cada vez mais obesa não tem nada a perder senão a barriga”.

Em Portugal, segundo Cathy Wyse, a obesidade afeta já cinco em cada dez adultos.

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