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Obesidade afeta quase 70% dos portugueses com alto risco cardiovascular

obesidade

Perto de 70 por cento dos portugueses que estão em situação de alto risco cardiovascular apresentam um aumento da ‘obesidade central’, o perímetro abdominal. Quase 40 por cento sofre obesidade, mas só 20 por cento dos doentes com alto risco cardiovascular pratica actividade física.

Portugal teve uma estreia negativa no EuroAspire IV, um estudo com a chancela da Sociedade Europeia de Cardiologia (SEC) que envolve cerca de 7000 doentes em 14 países.

Na primeira vez em que os doentes nacionais contaram para o estudo, apresentado na véspera do Dia Mundial do Coração, os dados mostram que as prevalências de tabagismo, obesidade e obesidade central não se têm alterado nos últimos anos.

De acordo com o EuroAspire IV, que a nível nacional teve a intervenção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e o patrocínio da AstraZeneca e MSD, a obesidade central afecta mesmo 68 por cento dos doentes portugueses (72 por cento das mulheres e 52 por cento dos homens), um valor ligeiramente acima da média europeia (64 por cento), embora inferior ao da vizinha Espanha (75 por cento). Refira-se quea  Bósnia-Herzegovina é o país europeu com o valor mais reduzido (50 por cento).

Ana Abreu, cardiologista do Hospital de Santa Marta e uma das coordenadoras do estudo em Portugal, salientou que estes dados “revelam a necessidade de ser dada mais importância aos factores de risco, através de programas multidisciplinares desenvolvidos por equipas de especialistas e suportadas por medidas de saúde adequadas”.

“São necessárias políticas de saúde que desenvolvam estratégias de prevenção cardiovascular para toda a população, mas sobretudo para os que estão em maior risco”, salientou.

O estudo mostrou ainda que 80 por cento dos doentes europeus tem excesso de peso ou obesidade e 44 por cento sofre de obesidade. Portugal não foi excepção, tendo ficado pelo 10.º lugar no conjunto dos 14 países, apresentando uma taxa de obesidade de 38 por cento de obesidade, um valor abaixo da média europeia (44 por cento).

“É necessária uma cardiologia preventiva moderna, interventiva sobre factores de risco e estilos de vida, adaptada aos níveis médicos e culturais de cada país”, alertou Ana Abreu: “Precisamos de um investimento dos sistemas de saúde na prevenção da doença cardiovascular, que é a principal causa de morte na Europa”.

Para esta causa de morte contribui (e muito) o tabagismo. Em Portugal, 10 por cento dos doentes de risco eram fumadores, bem abaixo da média europeia de 17 por cento.

Ao nível do controlo da pressão arterial, do LDL-colesterol e da diabetes, Portugal ficou pelo meio da tabela.

O estudo demonstrou ainda que só 20 por cento dos doentes portugueses praticam atividade física, um dos principais conselhos para evitar problemas cardiovasculares, a par de uma alimentação saudável (com incidência em legumes, fruta e peixe e quase abdicando do sal).

O EuroAspire IV foi realizado no âmbito dos cuidados primários de saúde e teve como objectivo avaliar a aplicação das medidas de prevenção cardiovascular nos doentes considerados de alto risco. Participaram 6700 pessoas abaixo dos 80 anos com hipertensão, diabetes, obesidade e dislipidemia (colesterol ou triglicerídeos elevados), incluindo pela primeira vez 406 doentes portugueses.

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