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“O sistema de lastros tem-nos afetado mais” queixa-se Gabriele Tarquini

Veterano do pelotão, aos 57 anos Gabriele Tarquini é também o mais experiente piloto da da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), com quem falamos durante o fim de semana de Vila Real.

Sobre os seus ‘ombros’ o antigo piloto de Fórmula 1 tem dois títulos mundiais de carros de turismo – WTCC em 2009 em WTCR em 2018 – um vice campeonato do Mundo (WTCC 2008) e um título europeu (2003), para além de 27 vitórias entre (WTCC e WTCR).

Foto: Ricardo Cachadinha

Tarquini é mesmo o modelo que muitos pilotos desta modalidade tentam seguir, e com qual tentam aprender. Antigo companheiro de equipa de Tiago Monteiro na SEAT e na Honda, o italiano tem por isso uma visão muito conhecedora e profunda da evolução da competição mundial de carros de turismo. Quisemos conhecê-la.

“O Campeonato tem evoluído muito. Às vezes pelo caminho possível e não aquele que eu ou outros gostaríamos, porque os regulamentos evoluíram desde que disputei a competição europeia que deu origem ao WTCC, e agora ao WTCR como o conhecemos”, sublinha.

Tarquini tem uma visão muito crítica sobre os atuais regulamentos, embora reconheça que o ‘Balanço de Performance’ (BoP) é a forma encontrada para equilibrar andamentos entre automóveis que são de marcas diferentes e por isso com andamentos diversos, apesar do grande empenho por parte de muitos construtores para o seu desenvolvimento.

“Acho que o principal problema, e falo concretamente no nosso caso (Hyundai), tem sido a forma como o BoP tem sido aplicado. Se é certo que o i30 N TCR é teoricamente o conjunto mais equilibrado do pelotão, o sistema de lastros tem-nos afetado mais do que aos adversários. Penso que a aplicação dos pesos suplementares não devia penalizar-nos tanto”, refere o piloto de Giulianova.

Gabriele Tarquini admite que não há fórmulas ‘perfeitas’ no automobilismo, e as corridas de carros de turismo não exceção, mas encontra nelas uma razão para que os seus resultados este ano – duas vitórias – não estejam a ser idênticos aos da época passada, onde, para além de ganhar cinco vezes, foi mais consistente e garantiu o título.

O italiano sublinha o facto de “num pelotão onde as diferenças são mínimas pequenos detalhes fazem muita diferença”, enfatizando: “Qualquer quilo a mais pode ter impacto numa décima ou centésima ganha, tanto quanto o ‘set-up’ que escolhemos para uma pista específica”.

Foto: Ricardo Cachadinha

Quisemos saber se Tarquini aprecia pistas citadinas como as de Vila Real, e a resposta foi inevívoca: “Sim, gosto muito. Acho até que gosto mais desta que a da Boavista, que em certos aspetos era muito rápida para pista urbana. Macau é mítico claro, ganhei lá no ano passado e sagrei-me campeão, e por isso tenho boas recordações. Aqui em Portugal também é bom, porque o ambiente é único e as pessoas são muito apaixonadas”.

Já em relação à concorrência e aos jovens pilotos que ‘desaguaram’ no WTCR este ano, nomeadamente Benjamin Lechter e Attila Tassi, Gabriele Tarquini não os diferencia muito de outros exemplos como Yann Ehrlacher ou Mikel Azcona.

“Há pilotos de inegável valor do campeonato, os jovens mas também outros com imensa experiência, que regressaram ou transitaram de outras disciplinas. Mas isso mostra a vitalidade e a valia deste campeonato, que é um dos mais disputados de sempre. Acho que o seu futuro parece assegurado, nestes moldes (TCR) ou noutros, porque os responsáveis encontram uma forma de isso ser possível”, remata o piloto transalpino.

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