Cultura

O retrato de Shakespeare que será o único de quando estava vivo

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Este é, alegadamente, o único retrato feito enquanto William Shakespeare era vivo. Segundo um historiador britânico, a imagem do célebre dramaturgo foi gravada na capa de um livro de botânica do século XVI. “Os únicos dois outros retratos autênticos são póstumos”, frisou Mark Griffiths.

Foi preciso esperar quase cinco séculos para encontrar aquele que será, segundo o historiador Mark Griffiths, o único retrato de William Shakespeare (1564-1616) feito quando o mais célebre dramaturgo inglês era vivo.

A imagem foi descoberta na gravura da capa de um ‘The Herbal’, um dos mais importantes livros de botânica do século XVI, da autoria de John Gerard, referiu o historiador Mark Griffiths.

“É a primeira vez que temos um retrato identificado como sendo” de Shakespeare “e feito durante a sua vida”, salientou Mark Hedges, o chefe de redação da Country Life, a revista que publica o artigo elaborado pelo historiador britânico.

“Os únicos dois outros retratos autênticos de Shakespeare são póstumos”, complementou Griffiths, citado por Hedges.

Na imagem agora descoberta é visível um “William Shakespeare, com 33 anos, no apogeu da sua carreira”, com um porte descrito como “incrivelmente belo”.

A segunda grande diferença deste retrato (a primeira, recorde-se, é que o dramaturgo ainda era vivo) é a aparência jovem de Shakespeare, que nos retratos “póstumos” e cópias que se seguiram surge sempre com uma aparência mais velha.

A descoberta desta imagem só foi possível porque Mark Griffiths examinou as quatro figuras que se encontram nos cantos da gravura que serve de capa ao livro de botânica.

Durante séculos, essas figuras foram consideradas imaginárias, mas o historiador desvendou os “códigos e charadas” escondidos nos motivos florais, como era tradição à data do reinado de Elisabete I.

No caso de Shakespeare, as pistas estavam na indumentária, pois a figura surge com trajes de poeta, na flor que segura (uma fritilária que reporta ao poema ‘Vénus e Adónis) e numa mensagem codificada que incluía o nome do dramaturgo.

Os três outros retratos são os de John Gerard (o botânico que escreveu o livro), Rembert Dodoens (outro botânico) e Lord Burghley (o tesoureiro da rainha, no que é visto como ‘prémio’ pelo financiamento da obra).

“Fiz esta descoberta pela primeira vez há cinco anos e tentei incessantemente refutá-la desde então. O mesmo fez uma equipa de especialistas vindos de universidades como Oxford ou Heidelberg. Tudo o que afirmo assenta em provas documentais, históricas e científicas”, afirmou Mark Griffiths, investigador com percurso académico em Botânica e Literatura Inglesa.

Mas ainda há quem esteja “profundamente cético” perante a descoberta, como o diretor do Instituto Shakespeare na Universidade de Birmingham, Michael Dobson: “Não vi os argumentos em pormenor e a Country Life não é a primeira publicação a fazer este tipo de afirmação”, ou seja, que existe um retrato de William Shakespeare quando ainda era vivo.

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