Economia

O que nos diz o INE sobre a confiança dos consumidores?

construcao2Se é certo que os consumidores viram aumentar os índices de confiança em junho, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), não deixa de ser um facto que, na área da construção, os empresários nunca estiveram tão pessimistas. Os inquéritos sobre o consumo retratam a realidade do país.

O INE divulgou hoje dados relativos aos consumidores portugueses, numa análise que diz respeito ao mês de junho, assinalando um aumento da confiança, em comparação com o mês anterior. No sexto mês do ano, mantém-se a tendência de aumento de confiança que se assinala, repetidamente, desde fevereiro.

Todos os indicadores, de acordo com o INE, contribuíram positivamente para este aumento da confiança, exceto “as expectativas de evolução da poupança”. Ou seja, os consumidores não preveem melhorar esses índices, ainda que consigam dar uma resposta às suas necessidades de consumo.

Para avaliar o clima de confiança, o Instituto Nacional de Estatística procede a inquéritos a particulares, auscultando o sentimento dos consumidores, sobre as suas perspetivas, em diversas áreas de consumo. Em janeiro, o indicador chegou a um mínimo histórico, batendo nos 57,1 pontos negativos.

A partir de fevereiro, a situação reverteu e deu-se início a uma recuperação, que se vem verificando desde então. Apesar das melhorias de sentimento de confiança, os valores continuam abaixo de zero. Há uma evolução positiva que se assinala.

Já nos inquéritos realizados pelo INE a empresários, a realidade é bem diferente – sobretudo na área da construção. Em todos os setores de atividade há uma descida dos índices de confiança.

E essa tendência de descida vem sendo registada consecutivamente há quatro meses. A quebra mais ténue encontra-se nas áreas do Comércio e da Indústria Transformadora. Trata-se de uma realidade que coincide com os dados revelados há dias pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

O consumo das famílias decresceu, de acordo com o barómetro da APED, que assinala um recuo de 8,6 por cento, no consumo total, em dados relativos ao final do ano passado. Na área alimentar, as vendas caíram 3,7 por cento, nas grandes cadeias de distribuição, mas assinala-se um aumento das vendas de produtos de marcas próprias, em 2,4 pontos.

Esta análise sobre a compra, venda e distribuição indica que há uma quebra global do consumo na ordem dos 8,6 por cento (incluindo os produtos não alimentares). A ajudar a esta subida, está a redução drástica de eletrodomésticos, por exemplo, cuja venda neste período decresceu mais de 25 por cento.

O INE aponta conclusões que estão na mesma linha. Menos consumo (comprovado pela APED) colocam sobre os empresários um clima de instabilidade. O setor da construção e das obras públicas acaba por ser o mais fustigado. Em junho, o clima de confiança bateu nos 71,5 pontos negativos – o mais baixo de sempre e o menor que se verifica em todos os setores.

A tendência de quebra na construção é avaliada pelos inquéritos do INE desde 2008. Há quatro anos que a conjuntura vai piorando. As perspetivas de encomendas e de criação de emprego revelam cada vez mais pessimismo.

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