Economia

O que é o desemprego estrutural? Gaspar mostra que a troika e Governo não têm culpa

vitor_gasparVítor Gaspar, ministro das Finanças, justifica o aumento do desemprego com um problema estrutural da economia e recusa que a causa para a perda de postos de trabalho se deva às políticas do Governo e à austeridade da troika. “Verifica-se um aumento muito pronunciado do desemprego estrutural, nas últimas décadas”, salienta Gaspar.

Nos últimos 20 anos, a taxa de desemprego estrutural mais do que duplicou, passando dos 5,5 pontos de 1990 para os 11,5 por cento de 2012, segundo adiantou hoje Vítor Gaspar, ministro das Finanças.

Os dados do Governo sobre o desemprego estrutural surgem no dia em que austeridade e as políticas do executivo (ao qual pertence Vítor Gaspar) mereceram críticas, em virtude dos aumentos da taxa de desemprego, que o Eurostat revelou.

Vítor Gaspar agarra-se a um estudo que revela o desemprego estrutural aumentou dos 5,5 pontos de 1990 para os 11,5 por cento, atualmente. E o que é o desemprego estrutural? São os postos de trabalho que a economia não consegue manter, mesmo quando está em crescimento.

Ou seja, é a resposta de Gaspar para os partidos que acusam o atual Governo e a troika de provocar, com as suas políticas, um aumento do desemprego. O ministro das Finanças avaliou dados das últimas décadas para concluir que a economia portuguesa é geradora de desemprego, mesmo que esteja a crescer.

E o desemprego estrutural combate-se com reformas na economia, que o executivo está a querer implementar no país.

Depois da reunião da Concertação Social, o ministro das Finanças apresentou dados sobre a evolução do desemprego estrutural, que foi alvo de um estudo profundo do atual Governo, e que envolveu os Ministérios das Finanças, Economia e da Segurança Social, além de ter contado com o contributo do Banco de Portugal.

“Verifica-se um aumento muito pronunciado do desemprego estrutural, nas últimas décadas, em Portugal. Dos cerca de 5,5 por cento que se verificava em 1990, passou-se para 8,5 por cento na década seguinte e para 11,5 pontos percentuais, atualmente”, aponta Vítor Gaspar, depois de reunir com os parceiros.

Levanta-se o véu sobre o estudo que está a ser ultimado e que apenas será apresentado a 11 de junho. E levanta-se o véu em dia de números do Eurostat e de críticas da oposição a Vítor Gaspar e às políticas impostas pela troika.

Os números do desemprego divulgados hoje pelo Eurostat, relativamente a Portugal, não encerram qualquer surpresa, no sentido de aumento que se verifica. A tendência de subida da taxa de desemprego mantém-se e cifrava-se, em abril, nos 15,2 por cento.

O Partido Socialista reagiu a estes números, pela voz do deputado Miguel Laranjeiro, que teceu críticas ao Governo por persistir no caminho da austeridade, sem pensar no crescimento económico, opção que se repercute, segundo o PS, no aumento do desemprego. Vítor Gaspar é visado pelas críticas.

“O Governo está a criar um máquina destruidora de emprego, com consequências brutais na vida dos cidadãos. Até onde teremos de chegar para que o Governo adote as necessárias medidas de combate ao desemprego?, questionou.

Estes dados do Eurostat mostram que Portugal “está a bater recorde em cima de recorde todos os meses”, sendo que o desemprego não é apenas um problema, mas “um drama”. Segundo o deputado, “até agora, o Governo não tem conseguido dar resposta” à escalada do desemprego.

Miguel Laranjeiro abordava os dados do gabinete de estatística da União Europeia, que divulgou nesta sexta-feira um aumento da taxa no primeiro trimestre do ano em Portugal. A destacar está mais um aumento no que diz respeito à taxa de desemprego jovem (uma subida de 0,7 por cento, para uns assustadores 36,6 por cento). Ou seja, um em cada três jovens estão (números redondos) à procura de emprego sem sucesso, num mercado de trabalho que tem as portas fechadas.

“Por dia, há 300 portugueses que continuam a enfrentar uma situação de desemprego, sendo que 200 dos quais são jovens. Se nada for feito, a realidade da Grécia será o caminho de Portugal, porque todos os meses há um aumento progressivo do desemprego”, salienta o deputado do PS.

E num olhar da realidade em abril, em Portugal, comparativamente com o cenário dos restantes países da Zona Euro e da União Europeia, assinala-se que Portugal coloca-se em terceiro lugar, neste pódio que nenhum país quer pisar.

Segundo o Eurostat, apenas a Espanha (24,3 por cento) e a Grécia (em fevereiro, tinha 21,7 por cento de população sem emprego) apresentam piores registos no que diz respeito à taxa de desemprego. A Letónia, que está fora do projeto da moeda única, mas integra a União dos 27, apresenta exatamente a mesma taxa que Portugal.

O estudo sobre o desemprego estrutural vem contrariar todas as críticas e Vítor Gaspar promete mais novidades no dia 11 de junho. O ministro das Finanças quer provar que o desemprego é um problema estrutural, a que o atual executivo é alheio.

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