O primeiro debate entre António Costa e António José Seguro sentou à mesa da TVI os dois candidatos nas primárias do PS. E ficou marcado pela parca discussão sobre o futuro do país, com uma exceção: Seguro baixará os impostos e demite-se se não for capaz de o fazer. Já António Costa não se compromete com nada.
O debate de ontem entre Seguro e Costa, transmitido pela TVI, abordou sobretudo o passado recente do PS, com os dois candidatos a analisarem o último resultado eleitoral, nas Europeias, que determinou o avanço de António Costa.
António José Seguro acusou o “camarada” de “traição”, aludindo ao compromisso que ambos tinham assinado. O presidente da Câmara de Lisboa justificou o ‘timing’ do avanço para a liderança do partido: não o fez antes porque queria garantir a vitória em Lisboa, nas Autárquicas, e porque concluiu que o PS não era capaz de se afirmar como alternativa ao Governo.
“A direção do PS não foi capaz de resolver os problemas do passado e não soube afirmar-se como alternativa. E absteve-se num Orçamento de Estado [2012] que ia muito para além da troika”, disse António Costa.
Seguro reagiu, sustentando que teve de “respeitar a herança” de José Sócrates e citou Costa, para o confrontar com uma eventual contradição, ao exigir que Seguro votasse contra o Orçamento.
Na Quadratura do Círculo, o autarca sempre defendeu que PS e PSD deveriam estabelecer um pacto, para aquele documento fundamental não dividisse os partidos.
Até então, nada de novo num debate marcado pela repetição de argumentos já ouvidos, nesta divisão entre o secretário-geral do PS e o edil lisboeta.
Num olhar para o futuro, os dois candidatos mostraram visões diferentes. Se Seguro se compromete a não aumentar os impostos e a baixar o IVA da restauração para a taxa intermédia de 13 por cent. “Demito-me se o país não houver alternativa ao aumento de impostos”, garante Seguro.
Já António Costa optou por guardar o jogo, defendendo que “há muitas variáveis” que não lhe permitem assumir esse compromisso. “Dizer que vou baixar os impostos é imprudente”, referiu.
Os candidatos do PS apenas convergem na temática das Presidenciais. António Guterres é um nome consensual e receberá o apoio do partido, independentemente do resultado das primárias do dia 28 de setembro.